Telefónica fecha acordo de € 7 bi para comprar GVT

A Vivendi anunciou nesta sexta-feira (19) que chegou um acordo para vender a GVT, sua operadora no Brasil, para os espanhóis da Telefónica, em um acordo avaliado em € 7,2 bilhões (cerca de US$ 9,3 bilhões).

Em comunicado, os franceses disseram que vão receber € 4,7 bilhões em dinheiro, dos quais € 450 milhões serão usados para abater dívidas e outros encargos.

Além disso, eles vão receber 7,4% das ações da Telefônica Brasil (uma fatia avaliada em € 2 bilhões) e mais 5,7% da Telecom Italia, que valem outro € 1 bilhão. A Telefónica é a maior acionista da operadora italiana.

O negócio foi aprovado pelo conselho da Vivendi e agora depende do aval das autoridades regulatórias brasileiras: Cade e Anatel. A expectativa da companhia é que esse acordo seja fechado até o fim do primeiro semestre do ano que vem.

O comunicado do acordo não informa se a Vivendi vai usar o dinheiro recebido para ampliar sua fatia na Telecom Italia. Essa hipótese era cogitada no mês passado, quando os espanhóis ganharam uma disputa exatamente com a Telecom Italia para poder negociar a compra da GVT.

A Telefônica Brasil afirmou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que poderá financiar o pagamento da parcela em dinheiro do negócio com um aumento de seu capital social. A empresa estimou sinergias de pelo menos € 4,7 bilhões no Brasil com o negócio.

REGULAÇÃO

A compra pela Vivendi de parte da Telecom Italia seria benéfica para a Telefónica, porque resolveria o problema dos espanhóis com o Cade –o órgão determinou no ano passado que eles devem sair da operadora italiana.

O objetivo seria evitar conflitos de interesse e garantir a concorrência, já que os espanhóis controlam a líder Vivo e possuem, indiretamente, uma participação de 10% na TIM. Com a saída do capital da italiana, a Telefónica encerra uma parceria de sete anos com a dona da sua rival no mercado brasileiro.

Isso resolveria o problema da Telefónica com o Cade, mas deixaria a Vivendi com fatia em Vivo e TIM –e acenderia a luz amarela no órgão de defesa da concorrência.

O presidente da Telefônica Brasil, Antonio Carlos Valente chegou a afirmar que está otimista quanto à aprovação da compra da GVT pelos órgãos reguladores. Para ele, somente em alguns municípios de São Paulo a fusão poderá incorrer em risco de concentração de mercado.

EM EXPANSÃO

A GVT, criada há 14 anos oferecendo telefonia fixa e internet ultrarrápida, foi disputada em 2009 entre a Telefónica e a Vivendi. Os franceses adquiriram o controle da empresa por R$ 7,7 bilhões.

Naquele momento, a GVT cobria 84 cidades e detinha 2% das receitas líquidas do setor. Hoje, ela atua em 153 cidades com pacotes de telefonia fixa, internet acima de 15 Mbps e TV e conta com 1,5 milhão de clientes.

CENÁRIO

A Telefónica planeja incorporar a GVT à Vivo, sua marca de telefonia móvel no Brasil, para criar o maior grupo de telecomunicações do país.

Para a companhia espanhola, o acordo de união ocorre em um momento em que as empresas de telecomunicações buscam cada vez mais oferecer pacotes de celular e serviços de telefonia fixa, incluindo internet de banda larga e TV.

Para a Vivendi, a venda da GVT coroa uma tumultuada revisão de dois anos, em que vendeu três negócios de telecomunicações e seu braço de videogames para pagar dívida e se concentrar mais em mídia e conteúdo, como parte de uma estratégia defendida pelo presidente do Conselho da companhia, Vincent Bolloré.

Parte da busca da Vivendi por conteúdo vai se dar na Itália devido à sua nova participação na Telecom Italia na sequência da venda da GVT, que a empresa espera que será concluída em meados de 2015, após aprovação regulatória.

Os analistas têm sugerido que uma parceria entre a Vivendi, que detém a operadora francesa de TV por assinatura Canal Plus, e a Mediaset Premium poderia fazer sentido.

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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