Sesab alerta para risco de contaminação em pescado

A Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) emitiu nesta sexta-feira, 16, um alerta epidemiológico para as unidades de saúde de Salvador após o registro de nove casos com suspeita de uma variante de mialgia epidêmica, doença causada por vírus. Há a possibilidade, também, de ser contaminação através do consumo de peixe.

No alerta sobre a doença, que causa dores musculares intensas e urina escura, a Sesab faz recomendações de conduta e orienta equipes de saúde hospitalar e de emergência da capital para registrarem  a ocorrência de outros casos que surjam e adotarem de imediato as medidas de controle e prevenção.

Os pacientes com suspeita da doença deram entrada em uma unidade hospitalar de Salvador nos dias 2 e 10 de dezembro,  com sintomas semelhantes: fortes dores em região cervical, região do trapézio, seguido por dores musculares intensas nos braços, dorso, coxas e panturrilhas.

Ainda segundo a Sesab, todos os pacientes apresentavam elevações significativas das enzimas musculares, sem febre, artralgia ou cefaleia. Como a doença apresentou rápida disseminação entre pessoas da mesma família, a suspeita é de que a transmissão ocorra através de contato físico ou gotículas.

Sintomas e cuidados

A mialgia epidêmica ou Doença de Bornholm, geralmente  causado pelo vírus Echovirus, gera dores musculares provocadas  por uma infecção viral e afeta a parte superior do abdômen e o tórax inferior .

A dor é caracterizada como espasmódica  (contração muscular involuntária) e desenvolve-se repentinamente, piorando a cada movimento e respiração profunda, causando falta de ar no indivíduo afetado.

Pacientes tiveram mesmos sintomas

Sintomas registrados são dores na região cervical, região do trapézio, seguido por dores musculares intensas nos braços, dorso, coxas e panturrilhas

A doença também pode provocar dor abdominal, febre, dor de cabeça, de garganta e dores musculares. A contaminação pode se dar por meio fecal-oral ou, menos comum, de pessoa-pessoa, por meio de gotículas ou objetos contaminados.

Como medida de prevenção da doença, a Sesab chama a atenção da população para os cuidados com a higienização de objetos, a necessidade de lavar as mãos com frequência, sobretudo antes das refeições, e alerta o indivíduo que tiver com suspeita de infecção para não circular em ambientes públicos e fechados.

Notificações

No  alerta epidemiológico que a Sesab encaminhou a todas as suas unidades foi recomendada que os casos com  sinais da doença sejam notificados à Diretoria de Vigilância Epidemiológica.

A secretaria recomenda  ainda a coleta de amostras de soro e fezes para exame laboratorial, destinadas à pesquisa de arbovírus enterovírus. As amostras devem ser mantidas em refrigeração por no máximo 24 horas até o momento de envio ao Lacen Estadual.

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é o período mínimo em que o paciente deve ser hidratado se houver suspeita de haver síndrome de Rabdomiólise, indicado pela coloração da urina

Como a doença não tem tratamento específico, recomenda-se o exame para verificação do   aumento das enzimas musculares, observando a coloração da urina. Se escura, há o risco de haver síndrome de Rabdomiólise (destruição das fibras musculares). Nesses casos, o paciente deve ser hidratado durante 48 ou 72 horas e não ingerir antiinflamatórios e ácido acetil salicílico (AAS).

Registros no AM

Os médicos suspeitam que os casos notificadas em Salvador e Valença pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep) possam ser resultado de vírus transmitido por via respiratória ou de uma toxina ingerida após o consumo de peixe.

Para o infectologista Antônio Carlos Bandeira, a suspeita de consumo de peixe está sendo avaliada. “Existem duas linhas de investigação. Uma é a questão de ser um vírus. A outra, que estamos observando  nas últimas 24 horas, parte do fato de que todos [pacientes] tiveram exposição recente a peixe”, disse.

Ele acrescentou que existe uma síndrome muito parecida com as ocorrências registradas na Bahia foi descrita no Amazonas, após os pacientes comerem peixe de água doce. “Só que nossos pacientes [baianos] comeram peixe de água salgada”, explicou o infectologista.

De acordo com o especialista, os pacientes baianos consumiram os peixes Olho de Boi e Badejo. Há relatos de que esse pescado foi comprado em Guarajuba, no município de Camaçari, no Litoral Norte da Bahia.

No caso do Amazonas, informa o infectologista, a  toxina já foi identificada no peixe de água doce “pacu manteiga”, que causa um quadro de sintomas semelhante. “Aqui [na Bahia] a gente vai ter que investigar mais ”, assinalou ele, que não descarta que a doença, na Bahia, tenha sido provocada por essa mesma toxina.

Coleta de sangue

Para tentar identificar a causa da doença, foram coletadas amostras de sangue dos pacientes. O material passará pela análise do pesquisador Gúbio Soares, do laboratório de virologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba).

O infectologista Antonio  Bandeira recomenda que quem apresente os sintomas procure atendimento médico e se mantenha hidratado. Ele também ressalta que o paciente não deve ingerir antiinflamatórios, porque poderá agravar o quadro clínico. Há suspeita de que a doença possa afetar o rim, causando insuficiência renal.

Fonte: A Tarde

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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