Seleção masculina desencanta na Fonte, goleia e fica em 1º

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Do lado de fora da Fonte Nova, mesmo a duas horas de começar a partida – e já com Japão x Suécia rolando -, a fila para entrar no estádio era enorme. Para quem conhece bem o espaço: a fila se estendia do Portão Sul, no Dique do Tororó, até o viaduto da Avenida Bonocô.

Dava para ver de antemão que Salvador apoiaria em peso a seleção olímpica, que veio de Brasília (DF), após dois empates em 0 a 0, tão maltratada e com a moral tão baixa. Pois a “Fonte dos Gols” fez isso mesmo: cuidou, descarregou e benzeu o time brasileiro, que correspondeu com um 4 a 0 sobre a Dinamarca. Como resultado, a equipe se classificou para as quartas de final da Olimpíada.

Pena que o duelo não será por aqui. Seria, se o Brasil passasse em 2º no grupo. Como avançou como líder, enfrentará a Colômbia, neste sábado, às 22h, no Itaquerão. Por aqui, teremos Nigéria x Iraque, no mesmo dia, às 16h.

A benção veio desde antes da partida. Era “só” o aquecimento dos jogadores, mas a torcida baiana tratou como se a partida tivesse começado. Aplausos, tchauzinhos e gritos de “Brasil, Brasil” tomaram conta do estádio. O carinho se estendeu até ao técnico Tite, que assistiu à partida no Lounge Premium da arena. O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, ao lado dele, não recebeu a mesma atenção.

Novo time

Depois dos frustrantes empates, o técnico Rogério Micale – baiano, aliás – mudou pouco o time no papel: saiu o meia Felipe Anderson para a entrada do atacante Luan. Na prática, a equipe era outra. Com Gabriel Jesus caindo por uma ponta, e não como centroavante, e Luan, mais forte, tomando conta da área, o Brasil foi mais incisivo e pregou a Dinamarca em sua defesa durante todo o 1º tempo. O volante Walace, outro baiano, substituindo o suspenso Thiago Maia, deu tranquilidade ao meio-campo.

De cara, quando a bola rolou, tal qual aconteceu em Brasília, ouviou-se vaias – mas para a Dinamarca. Quando a seleção tocava na bola, apoio era total e crescente a cada lance de perigo.

A ansiedade e a “nhaca”, porém, só foram embora aos 26 minutos. Douglas Santos, um dos destaques em campo na quarta-feira, 10, avançou pela esquerda e cruzou; Luan não chegou a tempo mas Gabigol completou para a rede.

Foi o fim do jejum de 206 minutos sem gol do Brasil – a última equipe entre as 16 participantes da Olimpíada a balançar a rede no torneio.

Na comemoração, Gabigol subiu na escada que liga o campo à arquibancada atrás do gol virado para a Ladeira da Fonte. O camisa 9 foi engolido por todos – uma imagem emblemática para o abraço que a Bahia deu na seleção.

Festa

Falta de paciência, mesmo, só momentânea com Gabriel Jesus. O atacante do Palmeiras perdeu dois gols no 1º tempo de cara com o goleiro, o segundo aos 38, quando foi lançado por Gabigol e chutou em cima do arqueiro dinamarquês. Aos 40, porém, veio a festa: Zeca cruzou da direita e Jesus apareceu na segunda trave para ampliar.

Na comemoração, o garoto de 19 anos desabafou. Deu um chute na bandeirinha e foi abraçado por todos os jogadores no banco.

A etapa final foi de pura festa – e para fazer jus ao apelido Fonte dos Gols, a seleção deixou mais dois em Salvador. Aos 4, Neymar fez um lindo lançamento na esquerda para Douglas Santos, que cruzou e Luan empurrou; e aos 35, em outra aparição de Douglas Santos pela esquerda, desta vez defendida pelo goleiro dinamarquês, mas com Gabigol atento no rebote.

Por fim, vale notar o carinho distribuído pelos baianos: quando Renato Augusto, perseguido pelas vaias em Brasília, foi substituído por Rodrigo Dourado, a Arena Fonte Nova irrompeu em aplausos e gritos de apoio. A seleção saiu da Bahia revigorada, pronta para brigar pela medalha de ouro.

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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