Sede da Operação Ronda Maria da Penha é inaugurada

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A emoção tomou conta de autoridades militares e civis quando Reyce Veridiana Silva Damasceno, de 35 anos, fez um discurso emocionado de como sofreu agressões físicas, psicológicas e morais do ex-companheiro desde o período da gestação. “Começou com humilhações, depois vieram as mordidas, chutes e ele chegou a jogar borra de café quente no meu rosto. Vocês não imaginam o quanto é difícil para mim contar essa história, mas me sinto uma referência para que outras mulheres busquem ajuda”. A declaração aconteceu durante a inauguração da sede da Operação Ronda Maria da Penha, na manhã desta quarta-feira (10), no Distrito Integrado de Segurança Pública (Disep), em Periperi, e Reyce é uma das 232 mulheres assistidas vítimas de violência contra a mulher.

A Operação Ronda Maria da Penha, que completou um ano no Dia Internacional da Mulher (8/3), conta com 23 policiais militares capacitados e preparados para atender as vítimas de violência, que acompanha mulheres sob medida protetiva instaurada e realiza palestras de conscientização.  A unidade iniciou o trabalho preventivo no Subúrbio Ferroviário de Salvador e no ano passado ampliou as suas ações para o interior do estado, nos municípios de Serrinha e Juazeiro.  Desde que foi criada, a Operação Ronda Maria da Penha, que realiza cerca de seis atendimentos diários, prendeu 22 agressores em flagrante e realizou 90 cumprimentos de ordens judiciais.

Agora contando com uma estrutura física, será implantado um atendimento multidisciplinar formado por uma equipe de psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros e um educador físico, com oficinas voltadas para melhorar a autoestima das mulheres.

“Nesse um ano fizemos muito pelas mulheres, já são 1.181 visitas e acompanhamentos realizados, mas precisamos trabalhar ainda mais para prevenir”, salientou a capitã Denice, comandante da Operação Ronda Maria da Penha. “A nossa intenção é melhorar o serviço prestado, inclusive neste mês de março teremos blitze educativas na capital baiana com o apoio do Esquadrão Águia para que todos conheçam o trabalho da Ronda”, completou a subcomandante, capitã Paula.

Reyce Damasceno é jornalista e está sendo assistida pela Ronda Maria da Penha há três meses. “Fui orientada a buscar a Ronda pela Deam (Delegacia Especializada de Apoio à Mulher) e agora me sinto verdadeiramente protegida. Com a ajuda dos meus “pitbulls” como chamo os policiais carinhosamente, consigo me sentir mais segura. Eles são tão preparados que se tornaram amigos. Apesar de eu já ter renovado pela quarta vez a medida protetiva e estar há dois anos separada, continuo sofrendo ameaças e agressões morais do meu ex-companheiro. Sofri muito durante a gravidez, tive depressão pós-parto, síndrome do pânico, mas consegui o apoio que eu precisava, tanto da minha família quanto da polícia.  Quando aciono os policiais da Ronda eles imediatamente me oferecem apoio”, contou Reyce, que mora em Lauro de Freitas.

“Parabenizo a coragem da vítima, você é uma referência para mostrar que está bem e esse é um trabalho importante, que deve ser procurado. A prevenção é o norte deste projeto. Já estamos com equipes preparadas em Juazeiro e Serrinha, e as próximas cidades a serem contempladas com esse trabalho especializado serão Paulo Afonso, Feira de Santana e Porto Seguro. Agradeço aos guerreiros da Ronda por servir e internalizar a dor das vítimas com amor”, salientou o comandante geral da PM, coronel Anselmo Brandão.

“Esse trabalho é importante não só para as mulheres vítimas da violência, mas para a família como um todo. É preciso ter cuidado para que os filhos não reproduzam o erro do pai e a história se repita. Agradeço pela coragem e relato da vítima, para que outras mulheres tenham coragem também”, completou o secretário da Segurança Pública, Maurício Barbosa.

Responsável pela Coordenadoria da Mulher do Tribunal de Justiça, a desembargadora Nágila Brito se declara uma “apaixonada” pelo trabalho da Operação Ronda Maria da Penha. É um trabalho importantíssimo, pois é protetivo e preventivo, o que evita a reincidência”, pontuou a desembargadora, que coordena uma rede de proteção formada também pelo Ministério Público, Defensoria Pública, Polícia Civil, além de ONGs.

Durante a cerimônia todos os presentes fizeram um minuto de silêncio em homenagem ao soldado Roberval dos Santos Conceição, que era lotado na 32ª CIPM e foi morto durante um roubo, em Pojuca, na terça-feira (9).

Fonte: PM Bahia

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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