Resposta do Brasil à Aids não é exemplo, dizem especialistas
A resposta brasileira à epidemia de aids não é mais um exemplo a ser seguido pelo mundo e precisa ser revista, afirmam especialistas reunidos pela Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids.
Em um documento lançado nesta segunda-feira, 18, no Brasil, e que deverá ser apresentado nesta quarta, 20, durante a Conferência Internacional de Aids, realizada na África do Sul, especialistas observam que as falhas encontradas no Brasil devem servir de alerta para outros países.
“A epidemia está estabilizada em um alto patamar. Quando se olha para determinados grupos, no entanto, o que se vê é um crescimento expressivo da incidência de casos da doença.” Homens que fazem sexo com homens, por exemplo, têm um risco 20 vezes maior de se contaminar.
Intitulado “Mito versos Realidade: sobre a resposta brasileira à epidemia de HIV e Aids em 2016”, o documento traz análises da situação epidemiológica, social e de acesso a medicamentos. “Os textos mostram que a resposta brasileira atualmente é centrada na medicalização, menosprezando a prevenção”, completa.
Para Terto, é preciso retomar as medidas que se destacaram no início do programa, quando se adotava estratégias ousadas para conseguir atingir públicos considerados mais vulneráveis.
“Com a onda conservadora, essas práticas foram deixadas de lado. Mas é preciso deixar claro que apenas testar e tratar o paciente não é suficiente.”
Terto observa que não são todas as pessoas que conseguem acesso ao tratamento, que há falhas na assistência e que problemas ficam estampados pelos números da epidemia.
Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que uso do tratamento como ferramenta de prevenção é uma estratégia amparada nas mais recentes evidências científicas.