Renan age para evitar reabrir Conselho de Ética do Senado

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), colocou panos quentes em um imbróglio envolvendo o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) e o ministro Eduardo Braga (Minas e Energia) para evitar que um processo disciplinar reabrisse os trabalhos no Conselho de Ética da Casa.

De acordo com parlamentares, o movimento foi feito para evitar que a reabertura pudesse estimular senadores a aproveitar a atividade e apresentar processos contra colegas alvos da Lava Jato.

Renan e outros dez senadores são investigados sob a suspeita de terem recebido recursos da Petrobras. Procurado, ele não foi encontrado para falar sobre o assunto.

No fim de outubro, Caiado discutiu com Braga aos xingamentos de “bandido” e “safado” em uma reunião da Comissão Mista Permanente de Mudanças Climáticas do Congresso. Para o caso não descambar para as agressões físicas, os dois precisaram ser contidos por Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) e Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE).

A confusão começou quando Caiado fazia perguntas ao ministro sobre a renovação de concessões de distribuidoras e sobre o processo de privatização da Celg (Companhia Energética de Goiás). Ele chamou a atenção do ministro para que prestasse atenção aos questionamentos.

Braga disse que havia ido à audiência para tratar de clima e não do assunto colocado pelo senador, e tentou pedir desculpas por ter se virado. “Estou aqui com a maior educação, mas vim aqui para debater clima”, disse.

Caiado se irritou e decidiu deixar a comissão. Enquanto saía, Braga disse: “Vossa Excelência deveria ficar calmo. Vossa Excelência está desequilibrado”. Neste momento, Caiado voltou e foi em direção ao ministro com o dedo em riste afirmando que estava sendo desrespeitado.

Durante a sessão, Coelho afirmou que iria pedir as imagens e o áudio da reunião para enviar o material à Mesa Diretora do Senado, que deveria avaliar se houve quebra de decoro parlamentar, o que geraria um processo contra Caiado no Conselho de Ética.

Quando o caso chegou ao conhecimento de Renan, o peemedebista atuou para convencer os senadores a esquecer o processo. O argumento usado foi que, diante da crise política no país e das denúncias de corrupção contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não seria positivo para o Senado que o Conselho de Ética da Casa fosse reativado.

O último caso analisado pelo colegiado, responsável por julgar a conduta ética dos senadores, foi em 2013, envolvendo o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Ele foi acusado de ter recebido propina do senador João Capiberibe (PSB-AP), na época governador do Amapá enquanto Randolfe era deputado.

O próprio Renan já foi alvo do Conselho. Em 2007, ele chegou a se licenciar da presidência do Senado após responder a denúncias no órgão.

Fonte: Folha de São Paulo

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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