Renan age para aumentar seu ‘cacife’ e preocupa o Planalto

Pessoas próximas ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), alertam: a mais nova cartada do peemedebista, que busca garantir na Justiça a última palavra sobre o afastamento da presidente Dilma, não deve ser vista como um aceno definitivo à petista. Na verdade, asseguram, ele joga para aumentar seu cacife na arena que definirá o futuro do governo.

Se Renan conseguir emplacar a tese que defende no Supremo Tribunal Federal (STF), o Senado se tornará a trincheira definitiva para a permanência ou não de Dilma no cargo e, ele, por consequência, a peça mais importante no xadrez político. A teoria vai de encontro a um movimento deflagrado na última semana, quando senadores do PMDB fizeram gestos na direção do vice Michel Temer, que assumirá a Presidência em caso de impedimento de Dilma.

O aceno preocupa aliados da presidente. O Senado é considerado o último reduto de suporte ao Planalto e já dá sinais de que seu apoio começa a ruir. Senadores da base confessam, nos bastidores, que avaliam o momento de abandonar o barco dilmista.

Dois episódios foram cruciais para a mudança de humor na Casa: a carta enviada por Temer a Dilma na última segunda-feira e, no dia seguinte, a eleição na Câmara de uma chapa majoritariamente pró-impeachment para a comissão que tratará do caso – foram 272 votos contra o governo e só 199 a favor.

O resultado foi recebido com espanto no Senado. Renan estava em reunião fechada com colegas quando soube da notícia. Lívido, de acordo com os relatos, passou os dedos pela lista de nomes que havia sido escolhida e fez uma previsão sobre a erosão dos votos que o governo ainda tem na Câmara, em partidos como o PSD e o PP. Ele considerou o evento o momento-chave para o desfecho da crise política.

O resultado ruim para o governo também foi crucial para mudar a percepção de outros senadores do PMDB. Assim que a carta de Temer a Dilma foi divulgada, o conteúdo foi criticado pelos correligionários do vice no Senado. Os comentários foram de que Temer se apequenou ao expor sua relação com a presidente daquela forma.

No dia seguinte, o discurso era outro: os senadores constataram que a carta – com tom de rompimento – foi determinante para ampliar a derrota que o governo sofrera na Câmara.

A partir desse momento, o assédio a Temer cresceu. O vice, por exemplo, circulou com desenvoltura tanto entre os senadores da base aliada como da oposição, no jantar oferecido pelo líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), na última quarta-feira.

Fonte: iG MG

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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