Reciclagem é o item mais lembrado por consumidores para a preservação ambiental

Quando o assunto é preservação ambiental, a reciclagem de materiais é a principal medida a ser tomada para 23% dos entrevistados em pesquisa realizada em seis países com 4.078 pessoas, pela Weleda, marca suíça de cosméticos naturais e medicamentos antroposóficos – cujo princípio ativo é 100% extraído das plantas. No Brasil foram entrevistadas 1.013 pessoas, com idades entre 18 e 80 anos e predominância do público feminino, 52% dos entrevistados.

Esta é a primeira edição da pesquisa, batizada de Weleda Nature Study 2022, e que foi conduzida pela Nielsen. O levantamento constatou que a biodiversidade está mais frequentemente relacionada a ecossistemas diversos e riqueza de espécies – para 61% dos entrevistados.

Embora 84% das respostas tenham relacionado a biodiversidade ao equilíbrio e à saúde do ecossistema, água limpa e solos úmidos – que indicam preservação – são menos frequentemente associados à biodiversidade.

– O conceito de biodiversidade é bastante amplo e a pesquisa só confirma esta amplitude. As ações de preservação, portanto, poderiam ser muito maiores do que entendemos – afirma a gerente de branding e sustentabilidade da Weleda no Brasil, Beatriz Branco.

Beatriz lembra que o solo é o local com maior biodiversidade do mundo, com aproximadamente 5 bilhões de organismos vivos em cada metro cúbico de terra:

-Mas as pessoas pouco associam a preservação da biodiversidade à preservação da terra, optando por comprar produtos que vieram de práticas regenerativas de agricultura orgânica, por exemplo.

Beatriz ressalva, porém, que a menção espontânea à reciclagem na pesquisa não deixa de ser positiva, afinal, menos lixo produzido pode representar menor poluição da água e do solo:

-Mas ainda há muito mais que os consumidores podem fazer pela biodiversidade, como uma alimentação mais variada, produtos orgânicos e redução no consumo de carne.

Já nas questões com múltiplas respostas, porém, os consumidores apresentam maior repertório de medidas para preservação ambiental. Mais de 80% deles citaram a proteção de parques, compra de produtos de boa qualidade e longa duração e a não utilização de agrotóxicos e pesticidas nos próprios jardins como importantes ações pessoais.

Um dado destacado por Beatriz é que sete, em cada dez brasileiros entrevistados acreditam que suas ações contribuem para a preservação ambiental.

Quando se trata de atividades já realizadas em favor da biodiversidade, quase todos os entrevistados aqui afirmam seguir regras de proteção à natureza e preferem comprar produtos de alta qualidade e evitar fertilizantes agressivos. Participar ativamente em projetos ou comprar produtos de segunda mão, aparecem por último nas menções.

As prioridades também mudam na comparação entre gerações. Enquanto os entrevistados mais velhos dizem priorizar a compras de mantimentos sazonais e regionais, os mais jovens afirmam que tentam evitar viagens aéreas, 61% das respostas, e estão mais dispostos a pagar um preço mais alto por um produto sustentável, 60% dos respondentes.

Em relação aos ingredientes de um produto, quase todas as características são muito importantes para os entrevistados. Cerca de 60% deles dizem preferir produtos de origem natural, e não derivados de plantas ameaçadas (61%); Para 56% a preferência é por produtos ecologicamente corretos e obtidos de solos saudáveis.

Para as mulheres, ingredientes que não são derivados de plantas ameaçadas são significativamente mais importantes (66%).

– Na maior parte do mundo a consciência ambiental ainda é recente, tanto que nosso modelo de desenvolvimento foi bastante prejudicial ao meio ambiente a ponto de chegarmos na emergência climática atual. Ainda há muito espaço de educação e sensibilização e, sem dúvida, as novas gerações serão essenciais na mudança de comportamento de consumo e novos hábitos – avalia Beatriz Branco.

Ela chama a atenção para o papel informativo das empresas:

– A indústria tem um papel importante nesse processo de conscientização, com informação e transparência em relação a origem dos ingredientes, ao processo de produção e seus fornecedores – a toda a cadeia de produção.

Mas a executiva lembra que, se por um lado os consumidores buscam marcas e produtos que causem impacto socioambiental positivo, por outro, ainda é grande a dificuldade em distinguir uma marca que realmente atua em prol do meio ambiente, daquelas que apenas comunicam algo que não praticam, o chamado greenwashing.

– A falta de informações sobre a origem dos produtos, a maneira como são produzidos não ajudam o consumidor a entender o real impacto que o produto que ele escolheu causou. Eles precisam saber a origem de cada ingrediente, de que forma foram extraídos ou gerados e conhecer os fornecedores e sua cadeia – destaca.

A pesquisa, realizada entre os meses de abril e maio deste ano, faz parte da estratégia da companhia, que chegou ao centenário no ano passado, e está lançando a campanha global Salve o Solo, para conscientizar consumidores no mundo sobre a importância da preservação da terra.

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), 33% do solo do mundo está degradado, por conta dos desmatamentos, práticas de agricultura tradicional intensiva e impermeabilização, entre outras questões.

Fonte: O Globo

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

Menu de Topo