Quatro anos depois, chapas vitoriosas unindo PT e PL acumulam divórcios e têm repetição improvável

A polarização entre os partidos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no plano nacional coloca à prova costuras políticas nos municípios feitas há quatro anos. Se em 2020 as alianças de ocasião renderam vitórias de algum candidato das duas legendas em 83 cidades, incluindo 21 em que o prefeito era de uma sigla e o vice da outra, o acordo ganha contornos bem mais improváveis este ano.

A lista de apoios diretos dentro das coligações engloba cidades como Diadema e Araraquara, em São Paulo. Nelas, José de Filippi Júnior (PT) e Edinho Silva (PT), respectivamente, venceram os pleitos com apoio do PL. Os dois partidos descartam repetir a aliança em 2024. O PL deve apoiar o candidato de oposição Taka Yamauchi (MDB) em Diadema, que é presidente da SPObras na capital paulista, e aposta em Dr. Lapena, nome próprio da sigla, em Araraquara.

Apesar de o presidente do PL em São Paulo ser o mesmo nos dois pleitos, José Tadeu Candelária, seu grupo político não vê margem para negociações do tipo atualmente. O motivo é claro: a guinada à direita do partido a partir da entrada de Bolsonaro e seus aliados, no meio dos mandatos municipais. “Presumo que não tenha nenhuma”, respondeu o deputado federal Antônio Carlos Rodrigues (PL) sobre possíveis focos de aliança entre PT e PL no Estado.

Rodrigues é representante de uma ala mais antiga, o chamado “PL raiz”, que costuma adotar uma postura mais pragmática e por vezes rivaliza internamente com o núcleo bolsonarista. O tensionamento mais recente envolve uma norma editada pelo presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto, proibindo que seus integrantes apoiem candidatos de outros partidos em 2024. Parlamentares reclamam que nem Bolsonaro segue a regra.

 

 

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

Menu de Topo