Quanto o Brasil sangra de dinheiro ilegal para fora por ano

O fluxo ilegal de dinheiro para fora do Brasil ficou entre US$ 9,6 bilhões e US$ 22,1 bilhões só em 2014, o último ano com dados disponíveis.

É algo entre 2% e 5% do total do comércio do país, mesmos percentuais da Argentina e próximo de países como Chile (3% a 6%) e Peru (4% a 7%).

No total dos países em desenvolvimento, o cálculo da saída ilegal em 2014 ficou entre US$ 620 bilhões e US$ 970 bilhões.

Em países como Rússia e África do Sul, as estimativas mais altas de fluxo ilegal chegam a representar dois dígitos do comércio total.

Os números são de um relatório recente da Global Financial Integrity (GFI), uma organização de pesquisa e lobby com sede em Washington DC e financiamento da Ford Foundation.

Em 2014, um documento com foco no Brasil estimou que US$ 400 bilhões sangraram do país entre 1960 e 2012. Veja os dados da última década:
Estimativa baixa
Estimativa Alta
2005
US$ 7,1 bi
US$ 14,1 bi
2006
US$ 5,3 bi
US$ 10,6 bi
2007
US$ 9,6 bi
US$ 16,5 bi
2008
US$ 10,6 bi
US$ 22,1 bi
2009
US$ 10 bi
US$ 22 bi
2010
US$ 11,4 bi
US$ 27,4 bi
2011
US$ 13,7 bi
US$ 28,2 bi
2012
US$ 13,5 bi
US$ 30,8 bi
2013
US$ 10,1 bi
US$ 22,8 bi
2014
US$ 9,6 bi
US$ 22,1 bi
A organização passou nesta última edição a dar igual ênfase aos fluxos ilegais que entram, e não apenas aqueles que saem, dos países em desenvolvimento.

“Anos de experiência com negócios e governos no mundo em desenvolvimento nos ensinaram que a decisão de trazer fluxos ilícitos para um país específico frequentemente marca apenas a primeira fase de uma estratégia para depois mover os fundos para fora daquele país”, diz Raymond Baker, fundador do órgão e especialista em crime financeiro.

O fluxo de dinheiro ilegal para dentro do Brasil foi estimado entre US$ 25 bilhões e R$ 53 bilhões em 2014, mas os números devem ser vistos com cuidado.

O cálculo é feito com base nas discrepâncias encontradas entre as balanças de pagamento dos países e nas faturas de comércio internacional.

Ficam de fora o comércio de serviços ou em dinheiro vivo, faturas duplicadas e os recursos de atividades criminosas, que não passam pelas estatísticas oficiais.

Os fatores não contabilizados afetam muito mais a saída de dinheiro dos países em desenvolvimento (que deve estar subestimada pelo relatório) do que a entrada (que deve estar superestimada).

O relatório recomenda que transações com paraísos fiscais sejam tratadas com lupa pelas autoridades e sujeitas a altas de impostos, e cita o Brasil como um exemplo nessa área.

Outras recomendações incluem mais transparência nos registros e um sistema de troca automática de informações entre os países, incluindo paraísos fiscais, tema que vem avançando no âmbito do G-20 e da OCDE.

 

Fonte: Exame 

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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