Projeto Topázio: Petrobras prepara venda de ativos e estatal poderá sair de Alagoinhas
Na segunda-feira (5), em sua sede no Rio de Janeiro, a Petrobras receberá propostas de empresas interessadas na aquisição de campos terrestres de petróleo e gás da região norte do Espírito Santo até o Ceará.
O Projeto Topázio, tratado com muito sigilo, prevê a venda de campos considerados maduros e não mais atrativos economicamente para a Petrobras.
O polo de Buracica (campos de Buracica, Conceição e Fazenda Panelas), cuja maior extensão é dentro do território de Alagoinhas, também está incluído no pacote de venda da Petrobras.
Com isso, após mais de 60 anos de atividades no município, a empresa poderá sair de Alagoinhas.
Entre funcionários diretos e terceirizados, cerca de 400 trabalhadores atuam no polo de Buracica.
O campo de Buracica tem mais de 60 anos de atividade e foi descoberto na primeira metade da década de 50 do século passado pela Petrobras, diferentemente do campo de Lobato, em Salvador, e de outros mais antigos, que foram descobertos pelo Conselho Nacional do Petróleo (CNP), quando a Petrobras ainda não havia sido criada.
Atualmente, Buracica, Conceição e Fazenda Panelas (parte dela fica em Catu) produzem 4.300 barris de petróleo diariamente e também gás.
O faturamento diário do polo de Buracica, com base no preço unitário do barril de petróleo de 50 dólares, é de aproximadamente R$ 700 mil reais. Por mês, o valor ultrapassa R$21 milhões.
Os royalties recebidos pela Prefeitura de Alagoinhas, em torno R$1,1 milhão por mês, são oriundos das atividades do polo de Buracica.
Radiovaldo Costa, diretor do Sindicato dos Petroleiros da Bahia, em contato com o editor do Alagoinhas Hoje na manhã desta quinta-feira (1°) afirmou que as entidades classistas dos trabalhadores são contra a venda dos campos. Em Sergipe, por força de ação na justiça do Sindicato dos Petroleiros, a venda de um campo de produção petrolífera foi suspensa.
Costa enumera alguns argumentos dos sindicatos contrários à privatização dos campos: a Petrobras, por ser empresa pública, deveria seguir a lei de licitações e não atuar fora dos parâmetros da legislação; a venda é prejudicial ao Brasil por ser caracterizada como desinvestimentos da Petrobras; o momento é completamente inadequado para este tipo de negociação e os preços praticados poderão ficar abaixo do mercado; é preciso preservar o patrimônio público, garantir investimentos e assegurar empregos.
Os sindicatos tentarão barrar na justiça a venda dos campos de petróleo e gás. “A ação vitoriosa na justiça de Sergipe é nosso modelo para impedir esta atitude da Petrobras”, salientou Radiovaldo, acrescentando “que é um absurdo inaceitável a comercialização dos campos”.
A previsão, a despeito das poucas informações disponíveis, é que as negociações sejam concluídas no início de 2017. Na segunda-feira (5), a Petrobras receberá as propostas de aquisição, fará uma filtragem e posteriormente definirá as vencedoras dentre as empresas que apresentarem as propostas mais altas.
Depois, com as empresas adquirentes já definidas, acontecerão visitas técnicas aos locais de produção de petróleo e gás.
A estratégia da Petrobras, de acordo com Radiovaldo, é manter em extremo sigilo as etapas do Projeto Topázio para evitar ações na justiça e manifestações contra a venda dos campos. “Estamos aqui no Rio de Janeiro tentando furar o bloqueio imposto pela empresa e impedir este crime que a direção da Petrobras pratica contra o Brasil, os estados produtores, funcionários diretos e trabalhadores terceirizados”, enfatizou o sindicalista.