Produção de minério de ferro deve superar demanda em 2015

O mercado de minério de ferro, principal produto da pauta de exportação brasileira, vai passar por uma mudança importante. A capacidade de produção de minério vai superar a demanda a partir de 2015 –a primeira vez em que isso ocorre em dez anos.

A previsão é de José Carlos Martins, diretor-executivo de ferrosos e estratégia da Vale. Segundo ele, o crescimento mais moderado da China e os pesados investimentos das mineradoras, incluindo a Vale, são os responsáveis pela mudança, cujo efeito será preços menos voláteis.

Nos últimos anos, o Brasil se beneficiou muito da explosão dos preços do minério, provocada pela expansão da demanda chinesa. A commodity foi a principal responsável pelos robustos superavit da balança comercial, cujos resultados se deterioraram neste ano.

Segundo Martins, 2013 e 2014 serão anos de oferta e demanda global de minério de ferro equilibradas em torno de 1,2 bilhão de toneladas.

A partir de 2015, a capacidade de produção vai começar a superar a demanda, chegando um excesso de 100 milhões de toneladas (1,6 bilhão de toneladas de oferta e 1,5 bilhão de toneladas de consumo) entre 2018 e 2020.

“Ainda é um mercado apertado, em que qualquer problema climático pode gerar falta de produto, mas as siderúrgicas terão mais tranquilidade para operar”, disse Martins. “Os preços ficarão menos voláteis, o que é bom, porque quem gosta de volatilidade é o especulador”.

Ele prevê que os preços do minério de ferro devem variar em torno de US$ 100 a US$ 120 por tonelada pelos próximos cinco anos, podendo ocorrer picos ou quedas. Atualmente, a tonelada de minério de ferro está em US$ 130 por tonelada.

A mudança no mercado de minério de ferro chega num momento em que a Vale se prepara para elevar sua produção em 50% para 450 milhões de toneladas até 2018. Segundo Martins, o novo cenário de oferta e demanda já está dentro dos planos da mineradora.

AÇO

Martins participou ontem do encontro anual da indústria siderúrgica, que ocorre em São Paulo e reúne os “barões” do setor. Segundo previsão da Worldsteel, entidade que reúne 170 siderúrgicas no mundo, o consumo global de aço deve crescer 3,1% neste ano e 3,6% em 2014, após avançar 2% em 2012.

Mas o avanço deste ano está altamente concentrado na China, cujo consumo de aço vai subir 6%. Sem o gigante asiático, o aumento é de 0,7%. Para o Brasil, a previsão é de alta de 3,2% em 2013.

Fonte: Folha de São Paulo

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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