Procura-se um (a) candidato (a) – Maurílio Fontes

PROCURA-SE

A definição do (a) candidato (a) cezista, marcada para dezembro de 2015, até hoje, como se sabe, não aconteceu. O mês de março está em curso e o (a) escolhido (a) mais parece miragem no deserto do Saara. Os sedentos por um nome, aquele que contemple suas preferências, vislumbram figuras distorcidas e fantasmas, não a realidade dos fatos. 

A verdade não tem sido a tônica. Ao contrário, a teatralidade faz parte do bailado político com evidente objetivo de camuflar o que de fato está acontecendo.

Alguns, por sabujice, sem-vergonhice, estultice e interesses pecuniários optaram pelo mais fácil, que não exige massa encefálica e nem percepção atilada sobre o desenrolar dos acontecimentos: acreditam nas versões oficiais, relegando os fatos a plano secundário. 

Se necessário, preservando as fontes do Alagoinhas Hoje, demonstrarei os passos da dança política dos últimos dias, cujo principal objetivo foi encontrar o (a) candidato (a) oficial. Darei nomes aos atores. Não será, para o desprazer de uns gatos pingados, neste episódio, que a pecha de mentiroso grudará em mim.

Os (pretensos) algozes principiantes não possuem têmpera para os embates. Faltam-lhes cultura, conhecimento do ambiente político local, proximidade com os personagens envolvidos e, mais do que isso, fontes críveis que queiram retirar da camuflagem as conversas de bastidores. Confundem, por inocência pueril ou cálculo de outra natureza, que não a jornalística, a versão oficial, contida na Nota de Esclarecimento, com aquilo que aconteceu a partir da última quarta-feira (2).  

Em última análise, o texto oficial apresenta uma paridade entre os pré-candidatos cezistas que nunca existiu. Onde estão os pré-candidatos? Renato Almeida rompeu com o governo; o vereador José Edésio está muito mais próximo de Joaquim Neto; Roberto Torres, presidente da Câmara de Vereadores de Alagoinhas, não esconde suas análises sobre o cenário eleitoral do município; vereadores da base, insatisfeitos com demandas não atendidas e a falta de arrumação eleitoral, ameaçam abandonar o barco.  

Blogueiro neófito, iniciante, imberbe, sem o domínio da língua portuguesa (faz confusões linguísticas inaceitáveis) quer ombrear-se a mim, como se fosse possível, em um passe de mágica, construir história do nada: se ele quiser confrontar trajetórias, o placar será maior do que os 7×1 da disputa entre as seleções da Alemanha e do Brasil. Não tem nem graça. Ele está nas divisões de base. 

Se suas “matérias” obedecessem aos ditames jornalísticos, que ele não conhece, teria o meu respeito. Ao contrário, optou por outros caminhos, certamente mais fáceis de trilhar. Cada um que construa sua história. A rebeldia, característica da juventude, deu lugar à acomodação. Falta-lhe a originalidade juvenil.

Às vezes, os espaços vazios da despensa “falam mais alto e emitem roncos” ensurdecedores. Nada contra suas críticas, que seriam aceitáveis, se fossem providas de inteligência e sagacidade. Mas, ao contrário, elas compõem um cenário de terceirização. 

Terá que provar quantas matérias vendi, quem me pagou, quais os valores e todos os “negócios” que fiz no jornalismo. Parte considerável de Alagoinhas me conhece desde 1975, quando fui aluno do Colégio de Alagoinhas, dirigido pelo professor Arthur Oliveira. Não cheguei de paraquedas à cidade. Para saber quem sou, basta checar quem é minha família, nunca envolvida em nada desabonador.

Do nada, das catacumbas, aparece um “jovenzinho” querendo ser um combatente de uma guerra para a qual não tem preparo. Um dia, com leitura, estudo, convivência social, poderá aprender. Mas com a empáfia momentânea, deduz-se, seu caminho será cheio de pedras pontiagudas.

Outro caso quase patológico: o cidadão atua na comunicação oficial, tem um site e é defensor apaixonado de uma pré-candidatura do campo governista, sem que seu chefe ainda tenha, com todas as letras, anunciado o nome escolhido. E se o nome não for aquele da preferência do cidadão ele terá coragem de criticar o chefe?

Na condição de profissional, deveria ter outra postura.

Comparações entre nós: em 1992, assessor de comunicação da Prefeitura de Alagoinhas, me insurgi contra a condução da campanha da professora Iraci Gama, candidata do então prefeito José Francisco dos Reis. Existiam erros, com os quais não concordava.

Em 31 de julho de 1992, confirmei ao chefe do Executivo que não participaria da campanha, embora a professora fosse minha amiga, ex-chefe e uma das mentoras intelectuais de meu percurso escolar. Argumentos, contra-argumentos, ficou decidido que eu continuaria desempenhando minhas funções na área que coordenava. Poderia ter sido exonerado, mas o gestor compreendeu o meu não alinhamento.

Com a vitória de Murilo Coelho Cavalcanti, que exerceria seu terceiro mandato de prefeito, fomos cuidar de nossas vidas.

Acusado de supostos desvios de recursos públicos em meados de 2007, o então prefeito de São Francisco do Conde, Antônio Pascoal Batista, foi personagem principal de matéria de página inteira de A Tarde. Mais uma vez, eu estava no centro de acontecimentos importantes, pois era assessor de comunicação da prefeitura.

Dias estafantes de reuniões, página inteira paga naquele que ainda se considerava o principal jornal da Bahia no domingo seguinte e tentativa de conseguir mídia espontânea na imprensa baiana. Resumo da “ópera”: depois de horas e horas de reunião em Salvador, afirmei para o prefeito e outros presentes que o enredo oficial não me convencia e que eu não poderia convencer jornalistas com aquele roteiro. Naturalmente, o clima ficou tenso e o prefeito bateu na mesa, dizendo: “Minha comunicação está contra mim”. Eu retruquei: “Estou a favor da verdade. Lembre-se, no entanto, que quando você estava sozinho, sem mandato, eu estive do seu lado fazendo a ponte com a imprensa”.

Outro fato: em 2012, minha empresa, a Fontes Marketing, Comunicação & Estratégia, proprietária do Alagoinhas Hoje, prestava serviço à Prefeitura de Catu, cuja gestora era Gilcina Lago de Carvalho. No momento crucial para a definição do candidato, fui contra a aliança com seu ex-adversário, o médico José Nardson Borges de Sales, que governou o município entre 1997 e 2000. Argumentei que ela não deveria apoiar um adversário histórico, que havia fechado o hospital municipal e praticado uma série de absurdos. Fiz discurso público na pequena convenção do PR, a pedido da então prefeita, me posicionando (para sua surpresa) contra a aliança política, que afinal, se consumou e foi uma das causas da vitória do atual prefeito de Catu, Geranilson Requião (PT), que antes de 2012 havia concorrido por quatro vezes, tendo sido derrotado em todas as disputas.

Muitos personagens que participaram destes acontecimentos estão vivos e poderão confirmar os fatos.

Registro estes acontecimentos para demonstrar que profissional não pode ser apaixonado, irracional e precisa analisar friamente o cenário no qual está envolvido.

Aleivosias não colaboram para construir o melhor dos mundos e nem serão capazes de garantir o emprego por mais quatro anos. Frise-se: emprego com salário que não ganhará em nenhum lugar com o texto mediano que possui.

Não posso ser responsabilizado pela barafunda na qual se transformou a escolha do (a) candidato (a) do prefeito Paulo Cezar para disputar o comando do município.

Aqui, é preciso fazer alguns registros: tenho uma relação amistosa com o prefeito, que me trata respeitosamente; por sua humildade, ele até inverte a ordem natural das coisas e liga-me mais vezes do que faço contato com ele; não cria obstáculos para me receber em seu gabinete, muito pelo contrário, sempre facilita o acesso; convivi com prefeitos de Alagoinhas desde o início da década de 80 e poucos me trataram tão bem quanto o atual gestor; temos uma relação institucional em nível elevado, o que é raro no convívio entre políticos e imprensa.

Tudo isso, entretanto, não me transformará em um omisso, que ganha a vida para omitir e não divulgar aquilo que acontece no Paço Municipal. Para isso, não contem comigo. O inconformismo da juventude permanece e o compromisso com os leitores tem muito valor para o Alagoinhas Hoje.

Cumpri o dever jornalístico de publicar a Nota de Esclarecimento do prefeito e a compartilhei em dezenas de grupos do Facebook, além  de tê-la enviado para praticamente todos os meus contatos de WhatsApp.

Ao contrário do que foi dito, a matéria sobre a não-candidatura de Sônia Fontes não é “uma jogada política” e obedeceu a critérios jornalísticos claros, baseados em fonte confiável.

Hoje, mais do que uma fonte, tenho quatro, que confirmaram as “tratativas para substituir” Sônia Fontes e as reuniões intensas do núcleo duro do governo (no máximo quatro pessoas) visando discutir o tema.

Pura ironia: como substituir alguém que nunca foi titular? Mas os cães de guarda já vislumbravam os nacos de poder ou a “velha mudança” para que tudo fique do mesmo jeito (o que seria bom para eles). Conformistas, optaram por me atacar.

Mas falta combinar com o povo o enredo que eles desejam. E mais do que isso, neste momento, ainda é necessária a fina sintonia entre aqueles que decidirão o futuro político da secretária.

E não há, neste domingo, nada decidido em seu favor. Política é como nuvem: a cada olhar ela está diferente.

O relevante é que os fatos descritos na matéria aconteceram. São reais e inquestionáveis.

Mas os vassalos, querendo ser mais realistas do que o rei, desejam construir falsas verdades.

Que preço o povo de Alagoinhas pagará por isso?

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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