Presidente do BNDES admite adiamento de investimento devido a eleições

O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse ontem (6) que empresários estão postergando decisões de investimento devido ao período eleitoral. Segundo Coutinho, porém, os projetos estão mantidos.

“No curto prazo, em função do período eleitoral, há alguma postergação de decisões de investimento por razões transitórias, o fato é que os projetos em investimento estão mantidos.”

“O estoque de projetos em consulta que está sendo vislumbrado pelo banco está mantido e até cresceu. As empresas e investidores não estão abandonando projetos, mas postergaram. Não há abandono de projetos”, disse Coutinho, durante apresentação em seminário sobre gestão pública, promovido pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas, no Rio.

Ao sair do evento, porém, Coutinho disse que não eram apenas as eleições que influenciavam a decisão do empresário, uma vez que os indicadores macroeconômicos apontam para redução do consumo, o que tem levado os empreendedores a serem mais cautelosos na hora de investir.

Na mesma ocasião, o presidente do BNDES disse que os recursos que o banco emprestará às distribuidoras de energia não virão do Tesouro nem do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), fontes usuais nos financiamentos do banco, mas “do mercado”.

Segundo Coutinho, o total de investimentos na economia brasileira será de R$ 4,01 trilhões entre 2014 e 2017, 28% acima dos R$ 3,2 trilhões investidos entre 2009 e 2012.

Dos investimentos futuros, 36% serão no grupo “agricultura e serviços”.

O BNDES prevê desembolsar, em financiamentos para a área de infraestrutura, R$ 33 bilhões em 2014, 17,8% acima dos R$ 28 bilhões no ano passado. Segundo Coutinho, em 2017 projetos nessa área demandarão do banco R$ 50 bilhões, ou 52% acima do que deverá ser destinado a essa rubrica pelo banco este ano.

O aumento da taxa de juros, de acordo com Coutinho, vai reduzir a emissão de debêntures por parte das empresas este ano, o que tem causado uma “frustração das expectativas” do banco.

As debêntures são papéis emitidos pelas empresas com o objetivo de captar recursos no mercado para investir em seus projetos.

Com maior dificuldade para buscar dinheiro no mercado, a tendência das empresas é recorrer mais ao BNDES. No ano passado, o banco emprestou R$ 190 bilhões, com taxa que tem como base a taxa de juros de longo prazo (TJLP), hoje em 5% ao ano.

“O mercado está preparado, quer os papéis. É que os empreendedores estão numa circunstância de fazer emissão em momento de taxa alta e preferem fazer mais adiante. É natural. Esperávamos um volume de emissão maior, o que reflete na questão do desembolso do banco”.

De acordo com Coutinho, a piora nas condições de mercado para emitir debêntures pode levar à postergação dos investimentos.

“Os empreendimentos estão decolando, e a emissão que deveria ser agora vai ocorrer na frente”.

Neste caso, diz, não se trata de eleições. “É uma decisão puramente financeira”.

Perguntado sobre se o BNDES poderia repassar mais dividendos ao governo para formação do superávit primário, Coutinho disse que a operação “não é um risco” para o banco.

Fonte: Folha de São Paulo

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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