Planalto já calcula o preço a pagar ao fortalecido PMDB
Sem adversários fortes para ameaçar suas vitórias, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) foi eleito presidente do Senado, na última sexta-feira, e o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) deve ser o escolhido como presidente da Câmara amanhã. O Planalto chancelou a opção pelas duas candidaturas em nome da manutenção do PMDB como aliado preferencial dentro da base parlamentar e na campanha presidencial de 2014.
O governo sabe, porém, que em acordos com o PMDB há sempre um preço a ser pago: Henrique e Renan pretendem lançar suas candidaturas a governador em seus Estados e para isso querem o apoio do PT e da presidente Dilma Rousseff. A cúpula do partido também espera manter Michel Temer na vice-presidência com Dilma, quer mais um ministério – o de Ciência e Tecnologia para o deputado Gabriel Chalita (SP) – e ainda reivindicará a cabeça de chapa para o governo de São Paulo, daqui a um ano e oito meses.
Durante os próximos dois anos, o que inclui o período de campanha presidencial, o PMDB terá farta munição para cobrar essas faturas dentro do Congresso. Os dois novos presidentes da Casa comandarão toda a agenda legislativa e terão o poder para facilitar ou transformar em inferno as pautas que interessam ao governo.
Embora saiba que, a médio prazo, a eleição de Renan e de Henrique poderá representar um fator de incerteza dentro do Congresso, nesse momento, o governo federal fez a opção por apoiar suas escolhas. Na prática, Dilma e seus principais assessores estão muito mais focados nas dificuldades na agenda econômica do País. Enquanto Renan e Henrique acertavam suas últimas alianças, o centro das atenções estava voltado para a queda no valor das ações da Petrobrás na Bolsa de Valores e o impacto do anúncio do aumento no preço da gasolina.
Por causa disso, a estratégia foi esquadrinhada no Planalto: Dilma está ciente das contrapartidas que terá de oferecer para manter a simpatia dos congressistas. Mas já calculou que o PMDB está no comando de um jogo em que ela não terá tantas fichas a perder.
Ao dar o aval para eleição de dois peemedebistas alvos de denúncias de corrupção e malversação de recursos públicos, a presidente calcula que irá negociar com dois parlamentares enfraquecidos. Denunciado pelo Ministério Público ao Supremo Tribunal Federal, Renan deverá ter de dedicar o início de seu mandato a usar o rolo compressor no Senado para mandar arquivar os possíveis pedidos de abertura de processo contra ele, que deverão começar a pipocar no Conselho de Ética da Casa.
Fonte: O Estado de São Paulo