Periférico nas maiores campanhas, financiamento via web vira plano A de nanicos

Candidatos a presidente da eleição de 2014 estão contando com a internet para juntar uma parte, ainda que pequena, do dinheiro necessário para conquistar votos. Desde nanicos, como Luciana Genro (PSOL) e Eduardo Jorge (PV), que têm 1% das intenções de voto cada um na última pesquisa Ibope, até Dilma Rousseff (PT), que lidera com 38%, estão lançando sites para captar doações de campanha.

Os estrategistas têm um olho no caixa de 2014 mas outro, maior ainda no de 2018 – quando, a depender do Supremo Tribunal Federal (STF), podem ser proibidas as doações de empresas, que historicamente sustentam as contas de campanhas dos candidatos. 

Fundadora e presidente da empresa de financiamento coletivo Um a Mais, Mariana Spinelli afirma ter criado as plataformas para 11 candidatos, entre postulantes a deputado, governador e presidente. A da presidenciável Luciana Genro está entre elas.  

“Talvez a gente consiga chegar até uns 20 [plataformas]”, aposta ela, em entrevista ao iG. “Em média, as doações vão de R$ 100 a R$ 150, mas há quem dê R$ 1 e há quem doe mais de R$ 1 mil.”

O recebimento de doações de campanha pela internet já estava em vigor  na eleição presidencial de 2010, mas ganhou um ligeiro estímulo neste ano com o esclarecimento, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de que não é preciso passar um recibo assinado ao doador – algo que já era dispensado em 2010, mas que não estava claro na legislação.

A empresária, entretanto, acredita que o principal impulso vem da mudança da cabeça do eleitor. A ideia de financiamento coletivo pela internet é algo mais popular hoje no Brasil do que há quatro anos – o Catarse, um dos principais sites de crowdfunding do País, surgiu apenas em 2011, por exemplo. 

Outro indício é que, em 2012, o candidato do PSOL à prefeitura do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo, captou cerca de R$ 217 mil (em valores atualizados) pela internet, pouco abaixo dos R$ 217,6 mil que Dilma obteve em 2010 ao disputar pela primeira vez a Presidência. 

“Já é algo mais normal do que há 4 anos, e há o crescente uso das mídias sociais [que facilitam a disseminação da informação]”, analisa Marina. Neste ano, em uma semana, a petista conseguiu arrecadar R$ 40 mil de 290 doadores – pouco mais de 18,4% do valor total conseguido pela web em 2010 – com o site doeagora.dilma.com.br, segundo a assessoria da campanha.

Pelo contribuir.lucianagenro.com.br, a candidata do PSOL conseguiu R$ 10 mil em pouco mais de uma semana, mais do que os R$ 7 mil obtidos em 2010, quando Plínio de Arruda Sampaio foi o candidato do partido. 

“A campanha não trabalha com doações de empreiteiras, bancos, multinacionais. Estamos baseados muito mais nas pessoas físicas”, diz a tesoureira da candidatura de Luciana Genro, Mariana Riscali. “A nossa meta é chegar a R$ 50 mil” – 5% do total de gastos estimado pela campanha.

Procurada pela reportagem, a campanha de Aécio Neves não respondeu se pretende lançar uma plataforma para captar dinheiro pela internet.

Partidos tentam se adiantar para 2018

Mais do que uma fonte de financiamento para 2014, o uso de sites de arrecadação têm vistas em 2018. Caso o STF vete, de fato, as doações de pessoas jurídicas, o partido que tiver mais tradição na  captação de pequenas doações via internet sai na frente, entendem alguns estrategistas.

“Já há essa discussão e acho que a gente se adianta”, afirma  Leda Aschermann, tesoureira da campanha de Eduardo Jorge (PV), que apenas receberá doações de pessoas físicas em 2014. “Se alguém quiser doar R$ 20, R$ 50, não importa. O importante é ter um bom número de pessoas engajadas.”

O discurso é semelhante na campanha de Eduardo Campos (PSB), terceiro nas pesquisas, com 8% das intenções de voto, e cujo site foi lançado nos últimos dias, mas que ainda não recebeu grande divulgação.

“É uma importânca cultural no sentido de trazer essa novidade para as campanhas eleitorais sem grande expectativas de arrecadação”, diz um membro da equipe do socialista, que pediu para não ser identificado. “O mais importante é criar a cultura e ter a ferramenta à disposição de todos os candidatos.”

Para o membro da equipe de Campos, as regras atuais também dificultam a captação pela internet. Pelo calendário do TSE, o candidato só pode começar a arrecadação a partir de meados de julho, quando é liberado o número do CNPJ da candidatura.

“Aí você entra num processo burocrático com os meios de pagamento. Esse processo come um certo tempo. E isso tudo permitiu que nós só lançássemos nosso sistma na semana passada”, diz a fonte. “Se tem uma mudança que merece ser feita é [permitir] começar a arrecadação já na pré-candidatura.”

Fonte: iG

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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