Para crescer nos Estados, candidatos buscam traidores em campanhas rivais

Mesmo depois do fechamento das alianças nos Estados, os candidatos à Presidência da República ainda trabalham nos bastidores para estimular dissidências nas bases de apoio aos seus adversários. Tucanos, petistas e socialistas já mapearam possíveis traidores e mantêm pontes com políticos capazes de declararem apoio, na esperança de provocar instabilidade nas campanhas rivais.

Líderes ligados ao comitê de Aécio Neves (PSDB) acreditam que, durante a campanha, membros de siglas que fecharam acordo com a presidente Dilma Rousseff (PT) podem abandonar o compromisso com a chapa governista para apoiar o senador mineiro. No tabuleiro de alianças, PP, PSD e PR são partidos citados de forma genérica como as legendas que supostamente abrigariam futuras dissidências.

Já o PT tem comemorado dissidências que considera simbolicamente importantes. Uma delas é representada pelo prefeito do município do ABC paulista Rio Grande da Serra, Luiz Maranhão (PSDB). Único tucano a administrar uma prefeitura na tradicional área de influência petista, Maranhão tem sofrido ameaças de expulsão da sigla devido ao seu posicionamento em favor de Dilma. Com a influência do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), o partido espera colecionar mais apoios em municípios do interior de São Paulo.

O líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Antonio Imbassahy (BA), também acredita que mais dissidências ocorrerão na base da presidente durante a campanha. “Claro que isso vai acontecer. Alguns partidos foram para o lado de Dilma quebrados”, disse o líder tucano.

Além de trabalhar para ganhar terreno entre os prefeitos, os petistas minimizam as divisões do PMDB do Rio de Janeiro. A dobradinha é apelidada pelos próprios tucanos de “Aezão”, em referência à parceria entre o mineiro Aécio Neves e o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), aliado formal de Dilma e em campanha para reeleição.

“Esse negócio de Aezão não pega nem metade do PMDB do Rio. Um exemplo é o prefeito da capital, Eduardo Paes, que tem aí 40% do partido. É possível listar vários prefeitos de municípios importantes do Rio que estão com Dilma, como São Gonçalo, Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Niterói e muitas outras cidades do interior”, explicou o vice-presidente nacional do PT Alberto Cantalice, que prefere não falar em estímulo à traição: “Não estamos avançando na base de ninguém e sim formatando a nossa chapa”.

Cantalice acredita que a força de Dilma nas pesquisas é o alicerce para manter os aliados unidos e evitar possíveis dissidências. “Como a presidente está muito forte, ela lidera todas as pesquisas, não acredito nesse movimento. A tendência é aumentar adesões, apesar de avaliarmos que será uma eleição difícil”, declara o dirigente, que não deixa de alfinetar os adversários. “Quem está atrás é que tem de correr atrás.”

O coordenador-geral da campanha de Aécio, senador José Agripino (DEM-RN), pondera com mais cuidado a questão, mas não deixa de criticar as alianças feitas por Dilma e a projetar uma suposta fragilidade nos acordos. “Não estou aparelhado para responder a isso, mas uma coisa é certa: esses apoios estão ocorrendo mediante à troca de favores. São apoios que ocorrem de uma forma constrangida. Isso é evidente. São apoios claramente oferecidos em troca de coisas que não são convenientes ao Brasil”, diz ele.

De forma indireta, Agripino faz uma menção ao PR e à demissão do então ministro dos Transportes, César Borges, cuja cabeça foi pedida por correligionários insatisfeitos com a falta de diálogo do ministro com o PR.

“Trocar um ministro bom por um outro ministro, que não sei se é bom ou se não é bom, para obrigar o partido a dar seu tempo de televisão e dar a sigla o apoio a uma candidata, não é uma coisa boa para o país. Agora, tudo que é oferecido de forma constrangida é frágil. Sendo frágil, é passível de mudança. O tempo dirá”, afirmou o coordenador-geral da campanha de Aécio.

Fonte: iG

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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