País terá que investir mais de 20% do PIB para manter crescimento
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, estima que o Brasil viverá um ciclo longo de crescimento moderado da economia, com média de 3,6% a 4% ao ano, até 2050. Mas, para manter esse ritmo, o Brasil terá que aumentar o nível atual de investimentos, de 18% em média do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país) para pelo menos 20,5% do PIB, de acordo com o estudo Cenário Econômico 2050, divulgado ontem (12) no Rio de Janeiro, pelo presidente da EPE, Maurício Tolmasquim.
O estudo faz parte de uma série de levantamentos que a EPE está produzindo para basear o plano de energia 2050.
Com base no PIB de 2013, que alcançou R$ 4,84 trilhões, significa dizer que os diferentes níveis de governo precisam investir quase R$ 1 trilhão por ano, em todos os ramos de atividade, para acompanhar o crescimento natural da população, que deverá ser 226 milhões de habitantes em 2050 pelas contas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e o consequente aumento da demanda por mais consumo de tudo.
Serão, portanto, 26 milhões de brasileiros a mais que atualmente, e Tolmasquim destaca que o país passará por grande mudança estrutural nos próximos 35 anos. O estudo ressalta, segundo ele, que haverá acentuada evolução do PIB per capita (por habitante), de US$ 10,8 mil em 2012, que pode alcançar algo entre US$ 36 mil e US$ 42 mil em 2050, os níveis atuais da França e Alemanha.
O estudo da EPE calcula que, se a expansão do PIB per capita for acompanhada por um processo de distribuição de renda, isso estimulará a inclusão de maior contingente de pessoas na classe média, gerando aumento da demanda de bens de consumo, serviços e energia, com efeitos positivos sobre diversos setores da economia. Para começar, números da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores indicam que a frota nacional de veículos leves deve aumentar para 130 milhões de carros em 2050, modificando a proporção atual, de 5,4 habitantes por carro, para apenas duas pessoas por carro, como é hoje na Europa.
Tolmasquim observou que a expansão da classe média, além de triplicar a frota de veículos no período em análise, também elevará o número de aparelhos de ar condicionado (de 23%, em 2013, para 65%) e de lavadoras de roupas (de 68% para 94% das casas), e tudo isso implica mais consumo de energia elétrica.
Ainda no tocante a investimentos, o estudo da EPE destaca que o setor de infraestrutura terá prioridade nas próximas quatro décadas, devido à necessidade de eliminação dos gargalos logísticos que prejudicam a competitividade dos produtos nacionais. Outros setores que receberão também investimentos significativos são os de educação e inovação, com o objetivo de ampliar a qualificação da mão de obra nacional e a produtividade da indústria. Cita também mais investimentos em habitação e saneamento, petróleo e gás.
Fonte: Agência Brasil