"O que os outros partidos fazem, o PT não pode fazer", diz Patrus Ananias

Considerado um dos quadros históricos dentro do PT, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, endurece o tom em relação ao próprio partido diante das denúncias de corrupção sobre o esquema de desvios que se instalou na Petrobras. Embora faça uma forte defesa da legenda como instituição, Patrus diz que o PT não pode se render às “regras do jogo” e se vê diante da necessidade de fazer um “testemunho” para sua militância. 

Ele afirma que o partido deveria fazer valer os princípios que sempre defendeu. O ministro – que também esteve entre os auxiliares mais próximos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – promete chegar ao Congresso do PT, no meio do ano, defendendo a proibição do uso de dinheiro privado em todas as campanhas eleitorais petistas. “(sobre) O fato de que o PT tenha aceitado as regras do jogo: o que os outros partidos fazem, nós não podemos fazer, pela nossa história, pelos compromissos que assumimos com a população brasileira. Então, temos um acerto a fazer com relação ao financiamento de campanhas”, diz Patrus. 

Recentemente, diante do agravamento da crise provocada pela Operação Lava-Jato e da prisão de seu tesoureiro, João Vaccari Neto, o PT tomou a iniciativa de abrir mão de doações privadas para o financiamento da estrutura partidária. Na prática, entretanto, a legenda continuará adotando o modelo de financiamento privado em todas as campanhas eleitorais, apenas delegando a cada candidato a responsabilidade pela legalidade das doações que entrarem nos caixas de campanha. Patrus diz que o corte precisa ser mais drástico e deve atingir também o financiamento eleitoral, em todas as instâncias. Até para que o partido demonstre coerência em relação ao projeto de reforma política que defende, pautado pelo financiamento público exclusivo. 

“É o momento de começarmos a por em prática aquilo que nós defendemos”, prossegue o ministro. Para ele, o atual modelo de financiamento de campanha mostra-se cada vez mais insustentável. “Vivemos um processo de privatização do Estado, de subordinação do Estado – que deveria estar a serviço do bem comum, do interesse público, especialmente dos que mais precisam, dos mais pobres, trabalhadores de baixa renda, da nossa infância, da nossa juventude – a interesses particulares, privados”, afirma. “Se eles (empresários) têm tanto dinheiro assim para dar às campanhas, porque não pagam melhor seus trabalhadores?” 

Embora aponte os erros cometidos por integrantes de seu partido, o ministro defende o PT como instituição. “O PT não tem nada a ver com corrupção. O PT é uma instituição. Pessoas estão sendo processadas. Serão julgadas.” Ele estende o tom de defesa ao governo da presidente Dilma Rousseff e afirma que as pesquisas de popularidade da petista devem ser encaradas como “passageiras”. 

Quando o assunto é o distanciamento da atual administração em relação aos movimentos sociais, o ministro busca fazer um contraponto a críticas do Movimento dos Sem-Terra e de outros grupos que deram historicamente sustentação ao governo petista. Ele argumenta que o ajuste fiscal que está sendo proposto pelo Palácio do Planalto é, na prática, a chave para assegurar as conquistas alcançadas nas últimas décadas. “O que compromete irreversivelmente os programas sociais é o descontrole da economia.” 

Fonte: iG

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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