O “afilhadismo” persiste na política e Marcelo Nilo demonstra que quer manter espaço familiar – Maurílio Fontes
A pérola política desta semana foi a declaração do deputado Marcelo Nilo, o quase eterno presidente da Assembleia Legislativa, dando conta da candidatura de sua filha Renata Nilo ao poder legislativo estadual.
Não é nenhuma novidade na política baiana e brasileira, mas demonstra que o pré-candidato ao governo da Bahia é praticante do “afilhadismo”, uma praga renitente, persistente e deletéria, indicando que em primeiro lugar estão os interesses familiares, a defesa do núcleo sanguíneo, e, depois, muito depois, as demandas do estado e de sua população.
Nada sei nada sobre a filha de Marcelo Nilo e nem quero saber. O fato é que será mais uma filhinha de papai a ter lugar no poder legislativo, que abrigou homens e mulheres de grande envergadura intelectual ao longo de sua história.
Os candidatos à Assembleia Legislativa disputarão 59 vagas, porque a cadeira da dileta filha do presidente já está garantida de chofre. Não há dúvida quanto a este fato.
Marcelo Nilo diz ser diferente e utiliza a mesma estratégia dos velhos e carcomidos políticos da Bahia.
Discurso que não se coaduna com a prática.
Atitude retrógrada, que vai de encontro à busca de uma Bahia moderna, contemporânea e de outros modos de se pensar a política, como se as cadeiras, ad eternum, pertencessem a quem detém, provisoriamente, mandatos eletivos.
É a regra do jogo, dirão os defensores das linhagens políticas.
Argumento falacioso, que encobre na verdade a clara tentativa de persistência e de manutenção do status assegurado a quem detém mandato eletivo, mesmo que não tenha competência, isoladamente, para alçar carreira solo.
A Bahia terá que conviver com mais uma genealogia política.
Azar o dela, que conservadora e voltada para o passado, aceita repetição de algo tão ignóbil.