¡No pasarán! – Maurílio Fontes
Um pouco de conhecimento histórico não faz mal a ninguém. E na política é preciso recordar para construir arcabouços argumentativos que sejam capazes de apresentar visões distintas daquelas que desejam prevalecer em um dado momento, a partir de inconsistências conceituais e factuais, desprovidas, portanto, de verdades históricas.
Este preâmbulo utilizado pelo articulista visa contestar assertiva de um interlocutor que entende ser o povo de Alagoinhas leniente com candidatos estrangeiros, que em um passe de mágica, se acham no direito de disputar a principal cadeira do Paço Municipal.
Voltemos no tempo, que é inexorável, e não permite certos manejos da história para transformar mentiras em verdades.
Nascido em Lamarão, José da Silva Azi, empresário de sucesso em Alagoinhas, ganha a eleição para a prefeitura em 1958 numa disputa renhida, em tom elevado e muitos embates, principalmente com Walter Campos, talvez seu principal oponente. A naturalidade de Azi, filho de Lamarão, foi uma das maiores críticas dirigidas à sua candidatura.
No calor da disputa, como é praxe, a longa trajetória social (com filhos nascidos na cidade) e comercial de Azi em Alagoinhas foi esquecida. E privilegiou-se seu “estrangeirismo”.
Prefeito por três mandatos (1963/1966, 1971-1972, 1993-1996), Murilo Coelho Cavalcanti nasceu por mero acidente do acaso no interior de São Paulo. A Revolução Constitucionalista de 1932 impediu que seu pais – Ladislau Azevedo Cavalcanti e Maria Isabel Coelho Cavalcanti – saíssem de São Paulo em direção à Bahia.
Na época, o médico Ladislau Cavalcanti fazia curso de aperfeiçoamento no estado de São Paulo.
Advogado dos ferroviários, Murilo construiu proximidade com diversos segmentos da sociedade alagoinhense, formou um grupo político que disputou e ganhou eleições proporcionais e majoritárias. Teve seguidores fiéis e mesmo distante de Alagoinhas há quase 20 anos, graças ao recall político, ganhou a eleição de 1992, após mudar-se de São Gonçalo dos Campos e retornar à cidade.
Nascido em Mata de São João, o comerciante Miguel Santos Fontes também é outro exemplo emblemático: construiu vida social e econômica em Alagoinhas, elegendo-se vereador nos anos 60 e prefeito em 1976, quando disputou a eleição majoritária com pessoas nascidas na terra.
Anos depois de deixar o Executivo, “Seo” Miguel voltou à Câmara de Vereadores com seu indefectível terno branco.
Hoje, poucas pessoas sabem que seu local de nascimento é Mata de São João tal a integração, ao longo dos anos, com a sociedade alagoinhense.
Judélio Carmo, José Francisco dos Reis, Joseildo Ramos e Paulo Cezar Simões Silva são exemplos de prefeitos nascidos em Alagoinhas.
O argumento do interlocutor deste articulista se esfarela a partir de uma rápida passagem pela história política de Alagoinhas.
Em quase 60 anos de disputas eleitorais para a prefeitura, os eleitos ou nasceram aqui ou construíram longas trajetórias sociais e empreendedoras nesta terra. Não ficaram à sombra do poder esperando o bom tempo chegar.
Trabalharam em prol de Alagoinhas, se envolveram em múltiplas situações que visavam o bem-estar da cidade, alguns geraram empregos, outros no labor de seus empregos também contribuíram para o desenvolvimento da cidade.
Qualquer “coisa” diferente disso é puro artificialismo, tentativa vã de direcionar os ventos da história e meros factóides, desprovidos, por sua natureza, de credibilidade.
¡No pasarán!