“No momento de desgaste político o recomendável é evitar exposição continuada”, afirma ex-prefeito do Rio de Janeiro


Jacques Séguéla -publicitário francês, destaque na comunicação política- foi o assessor de imagem de François Mitterand. Seu livro sobre essa experiência (La parole de Dieu) faz um contraponto com a escola americana de marketing político. A começar pela orientação para que o governante apareça para a mídia e mergulhe, em movimentos alternados. Ele diz que a aparição continuada é como a exposição ao sol e traz queimaduras políticas de segundo e até terceiro graus. Em outra passagem ele diz que “A cena política parece –mas é diferente da cena teatral. Nessa, o ator muda de personagem e continua a produzir emoções. Na cena política, não, ao contrário”.

Num momento de desgaste político o recomendável é seguir Séguéla e evitar a exposição continuada. Dilma e Cabral escolheram o caminho norte-americano, a exposição continuada, ou como aconselha Dick Morris (publicitário de Clinton na reeleição): “Todo dia é dia de eleição”. O provável, segundo Seguelá, no caso aqui, agravado pelo momento de desgaste de imagem de ambos, é que a exposição continuada produza queimaduras de segundo e terceiro graus.

Mais grave é o caso de Cabral. Ele resolveu mudar de personagem: de soberbo para humilde. O publicitário que o aconselhou a isso em breve será demitido. A cena política é diferente da teatral, conforme Séguéla. Político não é ator. Mudar de personagem é não produzir emoções e ainda ser exposto à crítica, ao ridículo e ao deboche.

Dilma pode até manter as queimaduras de segundo grau de sua rejeição optando pela exposição continuada. Mas Cabral terá –com certeza- queimaduras de terceiro grau e sua sobrevivência política inviabilizada. As redes sociais já começam a ironizar a mudança de personagem.

Fonte: Ex-Blog de Cesar Maia

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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