Nascimento do filho é incentivo para 75% das mulheres abrirem negócio próprio

Na beira do mar que banha o Morro Alto da Sereia, no Rio Vermelho, uma casa de portão lilás se transformou no espaço de empreendedorismo da profissional de relações públicas Jaqueline de Almeida após o nascimento da filha Brisa, de 4 aninhos. Para ter horários de trabalho mais flexíveis e passar mais tempo com a pequena, a mamãe investiu na aromaterapia, a partir da produção e venda de óleos e sabonetes naturais, dentro da sua residência.

A maternidade que motivou Jaqueline a empreender, depois de trabalhar por cinco anos em uma agência de comunicação da cidade, foi o estímulo da criação de negócio de 75% das empreendedoras brasileiras que têm filhos, estimadas em mais da metade (55%) das mulheres que empreendem no país, segundo dados do estudo Empreendedoras e seus Negócios, divulgado em setembro de 2017 pela Rede Mulher Empreendedora (RME).

“Conheço mulheres que também decidiram sair do trabalho para empreender e conseguir mais tempo com as crianças. No meu caso, a missão de cuidar da minha filha serviu de impulso para empreender. Eu comecei a olhar a vida de outra forma, a maternidade aguçou a minha criatividade feminina e desejo de investir em algo que considero prazeroso”, conta Jaqueline.

O hábito da aromaterapia e a realização de atividades físicas atenuam a missão de empreender e ser mãe, realidade que faz com que Jaqueline acorde cedo, para levar a filha à escola no período da manhã, e passe o resto do dia dividida entre o trabalho e os cuidados com a agitada e alegre Brisa.

No apartamento da pediatra Flávia Eça, localizado em Brotas, a agitação dos filhos Marcos, de apenas 4 anos, e a Manuela, de 5 aninhos, é acompanhada com a atenção de quem reservou o local apenas para a dedicação aos pequenos. Depois do nascimento de Marcos, a médica investiu na pediatria em domicílio, onde realiza consultas nas casas dos clientes.

As mães procuram empreender como forma de conciliar o trabalho e a família”Marcela Quiroga, diretora da RME

“Por ser pediatra, afirmo que ser mãe foi a melhor pós-graduação possível. Com a chegada do segundo filho, quando fica cada vez mais claro como é complicado passar muitas horas longe da criança, optei por modificar o atendimento da maternidade para o domiciliar”, diz Flávia.

Com o auxílio do marido, o reumatologista Rafael Carvalho, a pediatra organiza a rotina para ganhar mais tempo com os filhos. No decorrer do dia, entre uma consulta e outra, Flávia consegue ficar livre para cuidar das crianças no final da tarde, 17 horas.

De acordo com o estudo da RME, em média, as empreendedoras brasileiras dedicam 7,5 horas do dia ao negócio, 2,8 horas aos filhos e 1,8 hora para o lazer.

Para Marcela Quiroga, diretora da RME, a falta de horários flexíveis na rotina corporativa é a principal causa da busca das mães por empreender. A diretora afirma que a maioria das empresas brasileiras ainda tem um ambiente pouco colaborativo para as mães.

“Existe a busca pela saída do ambiente corporativo. Ao analisar os estudos da RME, observamos que as mães procuram empreender como forma de conciliar o trabalho e a família”, explica a diretora.

Pediatra, Flávia passou a atender em domicílio para ter mais tempo com Marcos e Manuela | Foto: Shirley Stolze | Ag. A TARDE
Pediatra, Flávia passou a atender em domicílio para ter mais tempo com Marcos e Manuela | Foto: Shirley Stolze | Ag. A TARDE

Sonho em família

Depois de uma viagem de passeio com a família pela cidade baiana de Canavieiras, a gerente de loja Telma Lotte se encantou pelas praias e belezas naturais do local. O encanto fez Telma, natural de Cáceres (MT), realizar o sonho de empreender em Canavieiras, onde abriu uma franquia da sorveteria Shakerama Shakes e Delícias, em outubro do ano passado.

“A mudança para a Bahia tornou possível o meu sonho de empreender em uma sorveteria, já que a região tem muitas praias. Eu encarei o desafio de empreender  junto com o meu esposo, Fabiano Henrique Gramulha, e os nossos filhos, o Henrique, de 13 anos, a Júlia, de 12, e a Jéssika, de 21”, conta Telma.

Atrelado ao desafio de empreender em uma sorveteria que caminha bem financeiramente, onde Telma já recuperou 30% do investimento inicial de R$ 180 mil, existe a saudade da filha Jéssika, que ficou em Cáceres para terminar os estudos da faculdade.

“Ser mãe e empreendedora é encarar muitos desafios, seja na vida pessoal ou no trabalho de gestão. No entanto, você acaba desenvolvendo a habilidade da organização, fundamental para cuidar do negócio e da família”, acrescenta.

Segundo a consultora empresarial Priscyla Caldas, o avanço das habilidades organizacionais é a principal características das mães que são empreendedoras.

“As mães são fortes, dinâmicas e organizadas. Isso pelo fato da necessidade de gestão do negócio e dos filhos”, explica a consultora.

Fonte: A Tarde

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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