MTST organiza aulas de política e ocupação para intensificar ações no País

O Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) prepara uma nova ação com vistas a intensificar e qualificar as ocupações de terrenos que faz pelo Brasil. A ideia do grupo, o maior movimento social do Estado de São Paulo, é preparar intelectualmente seus integrantes mais atuantes para ser mais efetivo em seus objetivos.

Os encontros vêm em um momento em que o MTST tem intensificado suas ações de ocupação e grandes protestos para mobilizar tanto autoridades quanto opinião pública a respeito de seus objetivos – especialmente de habitação popular, em meio a consecutivos adiamentos da terceira parte do programa Minha Casa Minha Vida.

“Diferente das assembleias habituais, nas quais apresentamos desafios e organizamos as lutas mais imediatas, este encontro vai ser mais longo, passando o dia inteiro com os acampados, traçando novas mobilizações e ocupações de olho em um planejamento em longo prazo”, explica Natália Szermeta, coordenadora nacional do grupo. “É um momento para fazermos uma avaliação, uma grande análise, para termos noção da dimensão do movimento neste momento, sobre o seu significado na atual conjuntura nacional.”

Se pautas como as críticas ao ajuste fiscal, ao conservadorismo do Congresso Nacional e à tentativa de reduzir a maioridade penal seguem nos discursos do MTST, o grupo abraçou como prioridade absoluta a pressão pelo lançamento do Minha Casa Minha Vida 3, parado desde o final do ano passado, quando acabou a segunda parte do programa.

“Essa demora é reflexo direto de uma política econômica recessiva, em que se ajusta as contas retirando direitos dos programas sociais, em vez de tirar de onde existe dinheiro, dos banqueiros e afortunados deste País”, reclama Natália. “Desde o ano passado, as pessoas de baixa renda não têm como conseguir teto. E, pior, com a crise, elas têm sido mais e mais despejadas. Se o governo não lançar logo o MCMV3, conforme sua promessa, as ocupações seguirão aumentando.”

De acordo com o governo federal, o Minha Casa Minha Vida 3 será lançado ainda neste segundo semestre. Procurado pelo iG, o Ministério das Cidades, pasta responsável pelo programa, não respondeu quando exatamente isso ocorrerá. A reportagem também o questionou em relação às críticas do MTST, mas, da mesma forma, não obteve resposta.

Ocupação Copa do Povo um ano atrás: terreno será usado para construir casas a sem-teto
David Shalom/iG São Paulo

Ocupação Copa do Povo um ano atrás: terreno será usado para construir casas a sem-teto

Adesão em alta
Os encontros também vêm em um momento em que o MTST volta a intensificar, assim como fizera no primeiro semestre de 2014, suas ações. Em 25 de junho, milhares participaram da “Quinta-feira Vermelha – Contra a Retirada de Direitos” em São Paulo. Na quarta-feira (16), cerca de 10 mil integrantes do grupo se reuniram em marcha rumo ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual, para cobrar avanços em negociações de moradia com Geraldo Alckmin.

No próximo dia 6 de agosto, novo protesto, desta vez marcado para 14 Estados, ocorrerá tendo como pauta o lançamento do Minha Casa Minha Vida 3 e a exigência pelo fim da violência nas reintegrações de posse feitas no País. Ainda em agosto, no dia 20, mais um ato está marcado, tendo as pautas tradicionais unidas a um coro “contra a direita brasileira” – uma resposta ao protesto anti-Dilma Rousseff, que ocorrerá dias antes.

A mobilização de novos integrantes também continua crescendo. Em entrevista ao iGconcedida um ano atrás, Guilherme Boulos afirmou que o movimento tinha um total de 20 mil famílias cadastradas no Brasil, atuantes em ocupações e protestos de rua. Hoje, são cerca de 45 mil. As ocupações também aumentaram, de 15 para 22 no Estado de São Paulo, segundo a coordenadoria nacional do movimento, chegando a 35 em território brasileiro. Somente entre maio e junho, quatro delas foram feitas na Região Metropolitana de SP.

Vaquinha para a mobilização
Para levar adiante os encontros, o MTST lançou uma campanha para arrecadar dinheiro e organizar quatro grandes encontros fechados voltados apenas para os sem-teto, a serem realizados entre este mês de julho e agosto.

O objetivo é arrecadar R$ 40 mil para o custeio com alimentação, papelaria e gráfica, custos técnicos (som, elétrica e limpeza), além de aluguel de ônibus e cadeiras. Até a noite de quinta-feira (16), faltava cerca de R$ 12 mil para garantir o montante. O fim do processo arrecadatório – via site Catarse – termina na próxima quarta-feira (22).

 

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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