Minérios podem desbancar soja em exportações do Brasil para a China até 2030


O Brasil deve ampliar a pauta de exportações para a China até 2030, com potencial de elevar em 76% as vendas de 216 produtos identificados como oportunidades.

Essa diversificação ainda será modesta e concentrada em commodities do setor extrativo e da agropecuária, mas são esperados avanços nas vendas de itens como produtos farmacêuticos, químicos, máquinas, materiais elétricos e madeiras.

As conclusões fazem parte do estudo “Exportações dos estados brasileiros para a China – Cenário atual e perspectivas para diversificação”, lançado nesta terça-feira (7) pelo Conselho Empresarial Brasil-China.

Nesse cenário, os minérios devem desbancar a soja como principal commodity vendida ao maior parceiro comercial do Brasil. As regiões Sudeste e Norte seriam as principais beneficiadas pelo movimento, respondendo por 70% desse incremento.

De acordo com o especialista em comércio internacional Fabrizio Panzini, autor do trabalho, o crescimento das exportações para a China até 2030 dos produtos identificados como oportunidades representa um incremento de US$ 44,5 bilhões. O valor equivale a quase 50% das exportações do Brasil para a China em 2022.

Desse total, 60% viriam de três estados: Pará, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Mas outros estados também devem se beneficiar do movimento —entre eles, São Paulo.

“Na última década houve um crescimento extraordinário das exportações de todas as regiões do Brasil para a China, muito superior ao aumento para outros lugares do mundo, mas esse crescimento foi acompanhado de uma concentração em alguns produtos”, afirma Panzini.

“É desejado e possível que se busque uma diversificação. O início disso vai acontecer com produtos próximos dos que a gente vende hoje. É difícil fazer uma mudança radical da pauta. Não é do dia para a noite que você vai ganhar tanto em valor adicionado.”

O estudo aponta a possibilidade de ampliação da fatia dos produtos que têm menor participação na pauta de 28,1%, na média anual de 2017-2020, para 31,8% em 2030. Dez produtos responderam por 91% das vendas ao país asiáticos na média do período.

Quando se considera o peso na pauta exportadora, o grande destaque até o final da década deve ser o setor de minérios, com expansão na participação das vendas de 24% na média 2017-2020 para 32% em 2030. A participação de sementes e frutos oleaginosos cairia de 37% para 28%, ficando em segundo lugar.

O minério de ferro tende a manter sua preponderância, mas outros, como cobre, manganês e nióbio devem ter aumentos percentuais mais expressivos, afirma o especialista.

Os produtos atualmente líderes da pauta, como soja, minério de ferro e petróleo bruto, devem permanecer como os mais relevantes, em razão do mercado já conquistado na China e da magnitude dos valores de suas vendas. Mas, mesmo nesses setores, há oportunidades de diversificação, segundo o estudo.

A participação da China nas exportações do Brasil passou de 17% em 2012 para 31% em 2021. Por região, esse percentual de dependência varia de 20% no Sudeste até 53% no Norte.

Para 22 estados, a participação do país asiático como destino de exportações se ampliou no período analisado. Para 19, a China era em 2021 o destino mais relevante.

Fonte: Folha de São Paulo

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

Menu de Topo