Mercado vibra com elevação de crédito

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Se existe dinheiro para financiar a compra de um apartamento de R$ 3 milhões, há recursos para a negociação de  dez unidades de R$ 300 mil. Esta é a conta que estão fazendo construtores e corretores de imóveis após o anúncio feito esta semana de que a Caixa Econômica Federal dobraria o teto do financiamento, que antes era R$ 1,5 milhão.

Com menos de 5% do mercado baiano, os imóveis de alto luxo não devem causar tanto impacto na retomada de vendas. Mas as unidades voltadas para a classe média são vistas como o setor que mais pode impulsionar a retomada do crescimento.

“A Caixa Econômica Federal não é uma instituição excludente, então, se vai ter dinheiro para financiar apartamentos de alto luxo, também vai ter para apartamentos de classe média”, estima o presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon-BA), Carlos Henrique Passos.

Ele assinala que apartamentos que custam R$ 3 milhões são raridades em Salvador, como as unidades da Mansão Wildberger, no Largo da Vitória, e alguns empreendimentos isolados no Horto Florestal.

O grosso do mercado imobiliário baiano já estava contemplado no teto de financiamento de R$ 1,5  milhão. A diferença é que a decisão de dobrar o limite aponta para a uma maior disponibilidade de recursos, que pode beneficiar a negociação de imóveis que são mais baratos.

Também animado com o anúncio, o presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia, Luciano Muricy, afirma que o principal é que essa decisão aponta para uma reversão na tendência de escassez de crédito.

“É uma notícia que sinaliza uma nova tendência. Vamos torcer para que os outros bancos sigam o exemplo da Caixa”, afirmou Muricy.

O corretor de imóveis Marcos Cabral também está otimista com a mudança. Ele assinala que o impacto vai ser positivo porque a instituição não só vai contemplar as classes alta e média como também está com o foco voltado para as classes mais populares. “A margem de financiamento imobiliário foi de igual forma estendida, dando-se assim novo impulso ao setor, fazendo-o mais uma vez girar de forma ascendente; tais iniciativas serão realmente benéficas, eliminando a remanescente letargia na qual o mesmo se encontrava”, declarou o corretor.

Outra medida anunciada pela Caixa e que foi elogiada pelos dirigentes do setor foi o elastecimento da cota máxima de financiamento dos imóveis. Na modalidade de financiamento voltada para  unidades que custam a partir de R$ 750 mil, a cota subiu de 60% para 70% para aquisição de usados. E de  70% para 80% para a compra de apartamentos novos, de terreno,  construção, reforma ou ampliação.

Juros altos

Os representantes do setor imobiliário defendem que outra medida importante para a retomada dos negócios no setor é a redução da taxa de juros. Mas ainda vão ter que esperar um pouco mais para que isso aconteça. A reunião feita na última quarta-feira pelo Comitê de Política Monetária (Copom) estabeleceu a manutenção da taxa anual de juros em 14,25%, o maior patamar dos últimos dez anos. Foi a primeira reunião do Copom após a posse de Ilan Goldfajn na presidência do Banco Central.

Para Carlos Henrique Passos, o ideal é que a taxa de juros fique abaixo de 10%. “Se na próxima reunião cair para 13,5%, já é um alento”, avalia Passos. Muricy, da Ademi, tem uma opinião semelhante. “O importante que se mostre uma tendência de redução na taxa de juros”.

Incerteza sobre impeachment traz insegurança, afirma corretor

Com mais de 25 anos de experiência no mercado de Feira de Santana, o corretor de imóveis Marcello Araújo elogia as medidas, mas acha que ainda é cedo para comemorar. “Não sabemos como vai ser a votação do impeachment. Se a presidente Dilma Rousseff voltar, deve mudar o ministério e talvez as regras”, avalia.

Nesse primeiro momento, ele calcula que as mudanças não devem elevar em mais do que 10% o nível de comercialização de imóveis.

“As pessoas ainda estão inseguras quanto ao que pode acontecer e evitam fazer compromissos”, afirma o corretor de imóveis.

Críticas às medidas

Ex-presidente da Caixa, durante o governo Dilma, Miriam Belchior fez críticas às medidas anunciadas pelo banco ao longo da semana, afirmando que o banco oficial se voltou para os mais ricos.

Ela se referiu ao fato de o governo interino ter congelado o financiamento de imóveis do programa Minha Casa, Minha Vida na faixa 1, destinada a famílias com renda de até R$ 1,8 mil mensais, e agora oferecer financiamento para imóveis até R$ 3 milhões, com aumento da cota de financiamento  de 70% para 80%.

Ex-ministra do Planejamento no primeiro mandato de Dilma, Miriam Belchior ocupou a presidência da Caixa entre fevereiro de 2015 e maio de 2016, quando foi exonerada do cargo após o afastamento da presidente Dilma Rousseff, que responde a processo de impeachment.

O julgamento final do processo pelo Senado Federal está previsto para meados de agosto deste ano.


Fonte: EXAME

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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