Mercado vê BC acelerando aperto nos juros no fim do ano, após mensagem dura do Copom
Depois de dois anos, os juros de referência da economia brasileira voltaram a subir ontem, 18, saindo de 10,5%, nível em que ficou estacionada nos últimos quatro meses, para 10,75%. O movimento veio em linha com as expectativas da maior parte do mercado. O tom considerado duro do comunicado, porém, levantou apostas de que o Comitê de Política Monetária (Copom) irá acelerar o passo nas duas últimas reuniões do ano para terminar rápido, até janeiro, o ciclo de aperto.
Não que o documento tenha trazido pistas. Pelo contrário, o Banco Central ressaltou a posição “data dependent”, à espera da evolução dos indicadores, da inflação e das expectativas para tomar a próxima decisão, marcada para 5 e 6 de novembro.
O comunicado, entretanto, traz novidades importantes, que levam o mercado a acreditar que o BC aumentará a dosagem tanto em novembro quanto em dezembro: da alta de 0,25 ponto porcentual, confirmada na quarta-feira, para 0,5 ponto. Uma delas foi o reconhecimento do chamado hiato positivo, isto é, de que a economia cresce acima de seu potencial.
Além disso, foi apontada uma avaliação de que há uma “assimetria altista” no balanço de riscos. Em outras palavras, há mais riscos de alta (três fatores) do que de baixa (dois) da inflação. É algo que já estava subentendido, mas que agora o comitê coloca com todas as letras. Por fim, o BC, em seu cenário de referência, agora projeta a inflação em 3,5% — portanto, descolada da meta — no primeiro trimestre de 2026, atual horizonte relevante da política monetária.
Dessa forma, o comunicado foi descrito como duro — ou “hawkish” para usar o jargão financeiro ― por economistas de instituições como Bank of America (BofA), BMG, ASA, Armor Capital, ABC Brasil e Pine.