Mercadante admite melhora “tímida”
Ex-chefe do chamado “núcleo duro” do governo da presidente Dilma Rousseff (PT) até meados do mês passado, o atual ministro da Educação, Aloizio Mercadante, substituído na chefia da Casa Civil da Presidência República pelo ex-governador Jaques Wagner (PT), afirmou ontem que se tornou um “centroavante” na gestão petista do país. “Saí da posição de goleiro e agora sou centroavante. Meu negócio agora é fazer gol. Não vou ficar lá só segurando bola no gol não”, disse em entrevista coletiva na Governadoria, no Centro Administrativo da Bahia (CAB).
Mercadante se reuniu ontem em Salvador com o governador Rui Costa (PT) e com secretários estaduais de Educação. Apesar de o encontro tratar de ações específicas do Ministério da Educação, um dos principais homens de confiança da mandatária brasileira, substituído da função após forte intervenção de setores do PT, entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Mercadante voltou à posição anterior, a defesa, ao comentar a pesquisa encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), divulgada ontem. Conforme levantamento, a avaliação positiva do governo da presidente Dilma subiu de 7,7%, em julho, para 8,8%, em outubro, mas a reprovação é de 70% entre os entrevistados.
Na consulta, divulgada em julho, a taxa de rejeição ao governo petista era de 70,9%. O Instituto MDA ouviu 2.002 pessoas, em 24 unidades da Federação, entre os dias 20 e 24 de outubro. A margem de erro da pesquisa é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos. “O governo melhorou um pouco, mas ainda é muito pouco”, avaliou Mercadante.
Para o ministro, há uma insatisfação generalizada com a classe política no país. “Eu vi outra pesquisa sobre candidaturas a presidente e todos os nomes, incluindo os da oposição, pelo menos metade do povo não vota neles. E o que isso quer dizer? Que há uma insatisfação no Brasil, e há. A razão fundamental é a crise econômica e o impacto social. As pessoas viveram nos nossos governos uma melhora de vida, mas estão em um momento de dificuldade.
É uma crise internacional e atinge todos os países emergentes”, defendeu. Para Aloizio Mercadante, a pesquisa de opinião é um recado para toda a classe política brasileira. “Temos que pensar na agenda Brasil. A oposição não pode trabalhar pelo quanto pior melhor. O Congresso Nacional precisa votar o ajuste fiscal e resolver os problemas fiscais do país que é por onde iremos superar as dificuldades. É preciso arregaçar as mangas e sair do palanque. Chega de sapato alto. É preciso trabalhar com humildade e em parceria”, cobrou.
Rui diz que população está mudando percepção
Ao lado do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, durante a coletiva de imprensa na Governadoria ontem, o governador Rui Costa ouviu atentamente a defesa do ex-chefe da Casa Civil da Presidência da República aos números da CNT que apontaram 70% de rejeição ao governo da presidente Dilma. Além do índice de reprovação, o desempenho pessoal da mandatária brasileira também é alto. Conforme pesquisa, o desempenho pessoal da presidenta Dilma foi desaprovado por 80,7% dos entrevistados.
Apenas 15,9% aprovam. Na pesquisa anterior, os percentuais eram 79,9% e 15,3% respectivamente. Para Rui Costa, apesar dos altos índices negativos do governo e da presidente, a percepção da população começa a mudar. “Se fizermos uma leitura perfeita das pesquisas, elas vão mostrar que o povo está perdendo a paciência, não com o partido A, B, C ou D, mas o povo está perdendo a paciência porque está percebendo que, ao invés de colocarem o interesse das pessoas em primeiro plano, tem muita gente colocando a vaidade pessoal e o interesse partidário acima do interesse da Nação e, com isso, o povo está percebendo que quem está pagando a conta é ele”.
Para o líder baiano, eleição se disputa dentro do calendário eleitoral. “Chegou a hora de colocar o interesse partidário de lado. Passou a eleição, é hora de governar e fazer as coisas acontecerem”, defendeu. No último levantamento que avaliou seus dez meses de gestão à frente do Estado, o governador Rui Costa obteve 59,5% de aprovação entre os entrevistados. O Instituto Paraná Pesquisa ouviu 1.325 eleitores em 70 municípios espalhados por sete regiões da Bahia. A administração do petista teve desaprovação de 33,6%, enquanto os que não souberam ou não opinaram somam 6,9%. O grau de confiança é de 95% e a margem de erro é de 3% para mais ou para menos.
Fonte: tb