Lula e Palocci dão receita a Dilma para eventual 2º mandato

A Bovespa teve queda de 4,52% nesta segunda-feira, a maior desde setembro de 2011. As ações da Petrobras caíram 11,17%. O dólar terminou o dia valendo R$2,45, o valor mais alto desde dezembro de 2008, ano da crise econômica internacional.

Analistas dizem que o motivo principal da instabilidade no mercado financeiro é o crescimento de Dilma Rousseff nas pesquisas. Há fatores externos que geram instabilidade, mas a forte queda de ontem se deveu mesmo ao efeito Dilma. A presidente da República está colhendo o que plantou na política econômica.

Durante a campanha, o ex-presidente Lula e o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci Filho se reuniram com a presidente e disseram a ela que foram erros do governo que afastaram o apoio dos empresários do PT. Disseram que ela teria de sinalizar mudanças.

Para Lula e Palocci, não basta apenas tomar decisões corretas para fazer ajustes. É preciso que essas decisões pareçam corretas. Seria preciso colocar no Ministério da Fazenda alguém que recuperasse a credibilidade da política econômica. E a presidente deveria deixar o Banco Central atuar com menos interferência política do que no primeiro mandato.

Dilma tem razão quando fala que a crise internacional a atrapalhou, mas ela exagera. Quando eleito, em 2002, Lula deu início a um processo de conquista dos empresários. A política econômica fez sacrifícios em 2003 e 2004. Até 2008, quando começou a crise econômica internacional, o PT praticou uma política econômica que lhe abriu espaço no orçamento para massificar programas sociais e estimular o crescimento do mercado de consumo. Na crise de 2008 e 2009, houve ações que se justificaram, com ampliação de gastos públicos para ajudar a superar os problemas.

No governo Dilma, houve uma continuidade injustificada e exagerada dessa política, com o início de uma maquiagem fiscal. A política econômica deu errado. A inflação está acima de 6% ao ano. Os juros já subiram para 11%, mais do que no início do governo. O crescimento da economia é baixíssimo.

A forte queda da Bovespa e a alta do dólar são ajustes do mercado financeiro. Perdeu quem especulou achando que haveria uma notícia de impacto que derrubaria Dilma nas pesquisas. A eleição ainda não está decidida. O PT não acredita em vitória no primeiro turno. Avalia que o mais provável é enfrentar Marina Silva (PSB) na segunda etapa. Ainda há muita eleição pela frente. A perspectiva é de mais turbulência no mercado financeiro.

Caso Dilma seja reeleita, haverá forte pressão do PT e do ex-presidente Lula para uma correção de rumos na economia. Se a presidente não fizer correções, terá um segundo mandato ruim, com inflação alta e sem crescimento econômico.

Nos bastidores, Dilma teria se mostrado disposta a seguir os conselhos, se for reeleita. Durante a campanha, não estaria querendo assumir com todas as letras os erros na economia, mas o faria num segundo mandato.

Fonte: Blog do Kennedy

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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