Livro mostra caminhos de sucesso para gestor público à direita e à esquerda


Como gestores públicos encaram o desafio de implementar mudanças não só com planejamento, mas com capacidade de colocar em prática a sua estratégia?

É o que o professor Robson Leite, mestre em administração, gestão e estratégia pública, procura analisar no livro “Estratégia e Liderança em Tempos de Profundas Mudanças: o caminho do sucesso na organização pública”, lançado pela editora Dialética.

A iniciativa da obra surgiu a partir da tese de mestrado apresentada por Leite na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, premiada em 2019 pela Sociedade Brasileira de Administração Pública.

Servidor concursado da Petrobras e ex-deputado estadual pelo PT no Rio de Janeiro, Leite avalia a atuação do gestor no serviço público a partir de sua experiência e também com relatos de dez gestores do funcionalismo, que têm visões ideológicas distintas.

“Conceber a estratégia, colocar em prática essa estratégia, envolvendo a equipe, inclusive encarando as mudanças e adaptando o plano, não tem a ver com ideologia. É um pouco isso que tento mostrar”, diz.

Entre os gestores ouvidos pelo autor estão Tarso Genro (PT), que foi governador do Rio Grande do Sul, duas vezes prefeito de Porto Alegre e comandou ministérios nos dois primeiros mandatos do governo Lula; Jandira Feghali (PC do B), com passagens por secretarias de Niterói e do estado do Rio de Janeiro; Nilo Batista, governador do Rio pelo PDT em 1994 a 1995; e Arolde de Oliveira, que foi senador aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) antes de morrer, em 2020.

Eles são questionados sobre o trabalho na gestão pública partindo de quatro teorias: liderança transformacional, de James MacGregor Burns; planejamento estratégico situacional, de Carlos Matus; estratégia como prática, de Richard Whittington; e teoria dos stakeholders, de Robert Edward Freeman.

O livro deixa claro que o diálogo é essencial na manutenção da estratégia elaborada pelo gestor, independentemente se ele é de esquerda ou de direita.

“É óbvio que o conteúdo da estratégia tem um forte componente ideológico na organização pública. Para onde você vai é a pergunta que você faz. Agora, como vai, como planeja a ida, não tem a ver com a identidade ideológica”, diz o autor.

Bastante discutido neste início de terceiro mandato do governo Lula, o equilíbrio entre o técnico e o político também é citado na pesquisa. Para Tarso Genro, essa mediação é necessária.

“Se você não envolve politicamente os agentes técnicos e valoriza a sua importância, o plano deixa de existir, porque ele é bloqueado pela burocracia e pelos interesses fracionários dentro da burocracia”, diz o ex-governador gaúcho.

A pesquisa foi feita antes da pandemia da Covid-19, então não há uma abordagem das mudanças significativas que ocorreram em todos os setores da sociedade, entre eles o serviço público, nos últimos três anos. Mas a influência de fatores externos sobre o trabalho dos gestores é um dos temas analisados.

“A pandemia é um exemplo perfeito, porque é uma variável que pouca gente conseguiu mapear”, diz o autor.

No planejamento estratégico do serviço público, mudanças de rota são naturais. O autor procura detalhar as estratégias para não perder o rumo dentro da gestão, destacando o impacto do comportamento e do diálogo nos resultados dos gestores públicos.

“Uma coisa que o Brasil perdeu nesses últimos anos foi a capacidade de dialogar. Isso é muito ruim no exercício da liderança. Quando você tem muito claro em uma equipe qual é o seu objetivo comum, não importam as diferenças. O papel do líder, através do diálogo, é deixar isso claro”, diz Leite.

ESTRATÉGIA E LIDERANÇA EM TEMPOS DE PROFUNDAS MUDANÇAS: O CAMINHO DO SUCESSO NA ORGANIZAÇÃO PÚBLICA
Preço R$ 85,90, no site da editora (384 págs.); R$ 24,90 (ebook)Autor Robson LeiteEditora Dialética

Fonte: Folha de São Paulo

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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