Lava Jato: empreiteiras rejeitaram acordo de indenização por R$ 1 bilhão, diz jornal

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Empreiteiras investigadas pela Lava Jato recusaram, em 2014, um acordo para encerrar as investigações. A informação foi publicada pelo jornal O Globo. Segundo a matéria, em setembro daquele ano — seis meses depois do início da operação —  advogados das maiores empreiteiras brasileiras ouviram do advogado Márcio Thomaz Bastos (que havia sido ministro da Justiça no governo Lula) que era melhor que todos fizessem um grande acordo para tentar encerrar as investigações.

Para isso, as empresas deveriam assumir a culpa em atos de corrupção envolvendo a Petrobras e pagar uma indenização de R$ 1 bilhão, que seria dividido entre elas. Bastos advogava nesse momento para a Camargo Corrêa e a Odebrecht.

A proposta, porém, foi recusada pelas empreiteiras e, dois meses depois, a Polícia Federal começou a prender executivos de empresas como Camargo Corrêa, OAS, Engevix e UTC. Ainda segundo O Globo, Bastos fez a proposta pois conhecia o rigor do juiz Sergio Moro e também sabia que “do Palácio do Planalto não viria o bombeiro (ou bombeira) disposto a apagar aquele fogo”.

O valor de R$ 1 bilhão teria sido surgido a partir de conversas de Bastos com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

“Se arrecadar R$ 1 bilhão para fazer dez penitenciárias, estou satisfeito”, teria dito Rodrigo Janot a Bastos, segundo relato do advogado José Francisco Grossi, testemunha do encontro dos dois. Duas fontes próximas a Bastos também confirmaram o valor. “Ali buscávamos pontes para uma conversa. Era tudo preliminar. Naturalmente, Janot precisaria ainda conversar com os procuradores” conta Grossi a O Globo.

Alberto Toron, então advogado da UTC, confirmou o encontro. “É preciso lembrar que o contexto de hoje é bem diferente do que havia em setembro de 2014. Não havia empresário preso, apenas uma suspeita de participação de empresas em atos investigados”, diz. No encontros, advogados contra o acordo mencionavam haver elementos para anular a ação policial em tribunais superiores.

Advogada da Odebrecht nos encontros com Bastos, Dora Cavalcanti disse “não ter a lembrança de reunião específica sobre a proposta”.

Responsável pela defesa da Engevix no início da Lava-Jato, o advogado Augusto de Arruda Botelho também disse não ter tratado do assunto com Bastos. O advogado da OAS, Roberto Telhada, não respondeu à publicação. Janot disse desconhecer a estimativa de R$ 1 bilhão para encerrar a Lava-Jato.

Fonte: Correio 24h

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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