Juízo é preciso – Pedro Marcelino

PEDRO MARCELINO

Este ano teremos eleições municipais, e mais uma vez, o campo democrático popular, já quase às vésperas do prazo das convenções, expõe seus limites, divergências e debilidades. No final da década de 90, depois de muitos percalços, chegamos a um grau elevado de maturidade, constituímos uma aliança de forças políticas e expressivas lideranças que culminou com expressiva vitória no ano de 2000.

A Frente Popular 2 de Julho inspirou confiança, envolveu a sociedade e tinha um conteúdo democrático e compromisso de um governo colegiado, com participação popular, promoção de novas lideranças, respeito ao movimento popular e enfrentamento dos problemas cruciais para vencer a estagnação e recuperar a autoestima, duramente atingida nas décadas anteriores.

É incompreensível que a esta altura estejamos patinando, sem um programa definido, sem capacidade de aglutinação e assistindo o campo conservador fortemente articulado, ameaçando vencer o pleito. Se não houver desarmamento dos espíritos, profunda reflexão, calcada na realidade concreta, e desprendimento, é o que parece, vai acontecer. Mas a cidade não é dos partidos, nem das pessoas. As definições não podem ser tomadas em círculos restritos ou cupulistas e nossos eleitores estão a esperar discernimento de nós todos.

Temos duas candidaturas ilegítimas, já anunciadas.

Sônia Fontes, figura simpaticíssima, técnica com rico currículo e discurso articulado, portanto, nada contra sua pessoa, é uma candidatura que não guarda nenhuma correspondência com a história de lutas travadas em Alagoinhas nas últimas décadas. Ao contrário. Estava do outro lado quando lutamos contra o desmonte da ferrovia, da venda do Baneb, da Coelba, do desmonte da Bahiafarma  e da retirada de direitos dos trabalhadores.

Não conhece nossa história e não guarda nenhuma identidade com ela. Faria um governo desastrado, pois não tem a mesma habilidade de seu padrinho para conduzir um “grupo” tão heterogêneo e cheio de interesses, nem sempre coincidentes com os da população.

Paulo Cezar vai pelo mesmo caminho que já levou outros a acachapantes derrotas, por querer impor candidaturas contrárias à vontade popular. Teimosia e personalismo garantem derrotas, não vitórias.

Dr. Joaquim não tem uma candidatura ilegítima porque fez “carreira” em Sátiro Dias ou não morou aqui nas últimas décadas. Não. Sua experiência como gestor poderia servir à nossa terra. Mas o eminente conterrâneo declarou a uma emissora de rádio não ter, até aqui, nenhum cacique o apoiando. Espera, como trunfo para a vitória, o apoio do prefeito de Salvador. Este é o caráter de sua candidatura.

É nesse quadro de dificuldades que defendemos a unidade das esquerdas, se não quisermos amargar nova derrota para os caciques. Há que se buscar, imediatamente, a recomposição da unidade entre o PT, PCdoB e Rede. Travar diálogo, se houver disposição com o PSTU, PSOL e PCO, respeitar os acordos já celebrados, alinhavar um programa mínimo, constituir uma chapa, ou mais de uma para a disputa proporcional, buscar as candidaturas outras, não vinculadas aos caciques, verificar onde é possível convergir em relação à grave questão nacional e mobilizar os segmentos importantes do movimento social para com eles dialogar imediatamente.

Sem vaidades, com responsabilidade, no plano da horizontalidade e com firmeza de propósitos. Devemos reunir as lideranças e buscar o entendimento na perspectiva de que encabeçarão a chapa os que tiverem maior capacidade de aglutinação, de dialogar e de oferecer garantias de condução de um projeto democrático, avançado e com uma agenda capaz de contemplar os partidos e os anseios populares rumo à vitória.

Fora daí, não tem salvação.

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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