Jair Bolsonaro declara-se um ‘leão acuado’

Após declarar que considera criar a própria legenda, o Partido da Defesa Nacional (PDN), o perfil do presidente Jair Bolsonaro (PSL) publicou ontem um vídeo nas redes sociais em que se compara a um leão sendo atacado por hienas, que representam o Supremo Tribunal Federal (STF), o PSL, o PT, veículos de imprensa, a Organização das Nações Unidas (ONU), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e outras entidades.

Com a repercussão da postagem, o vídeo foi tirado do ar. Procurada, a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) disse que não participou da postagem do vídeo e não comentará a publicação.

Durante o vídeo, um segundo leão, identificado por uma legenda como “conservador patriota”, aproxima-se do animal que representa o presidente da República e afasta as hienas. “Vamos apoiar o nosso presidente até o fim”; “e não atacá-lo”; “já tem a oposição para fazer isso!”, dizem as mensagens sobrepostas no vídeo enquanto os bichos fogem.

O vídeo se encerra com a bandeira do Brasil e uma foto de Bolsonaro de braços abertos. Há também hienas identificadas pelo símbolo do feminismo, o Greenpeace, o PSDB, o Movimento Brasil Livre (MBL), além de “Lei Rouanet”, “isentão” e “via sensata”.

Bolsonaro está em crise com o PSL, negocia migrar para outras legendas e disse na última semana que pode até mesmo ficar sem partido algum. O presidente está em Riade, na Arábia Saudita, onde cumpre agenda de viagens pela Ásia e Oriente Médio.

No texto que acompanha o vídeo, Bolsonaro lista os seguintes países: Chile, Argentina, Bolívia, Peru e Equador. “Mais que a vida, a nossa LIBERDADE”, escreve Bolsonaro. Os países citados pelo presidente passam por momentos de instabilidade política, eleições e protestos.

No domingo, 27, a Argentina elegeu como presidente o peronista Alberto Fernández, integrante da mesma chapa da ex-presidente Cristina Kirchner. Bolsonaro lamentou o resultado e disse que não irá cumprimentar a chapa vencedora.

O presidente ficou incomodado com uma imagem publicada por Fernández, horas antes do resultado, em apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso desde 2018 no âmbito da Operação Lava Jato. “O primeiro ato do Fernández foi ‘Lula livre’, dizendo que está preso injustamente. Já disse a que veio”, avaliou.

Ruptura

A queda de braço entre o governo de Jair Bolsonaro e o setor de praças das Forças Armadas e policiais no debate das reformas da Previdência abriu uma divisão no bolsonarismo a menos de um ano eleições municipais de 2020, a ponto de aproximar a oposição de uma das principais bases eleitorais do presidente. O Palácio do Planalto ainda não deu sinais de que pretende reagir e intervir no embate.

O recente racha na bancada do PSL na Câmara expôs insatisfações e desalinhamentos referentes aos interesses das categorias da segurança pública e defesa nacional. Todos os cinco deputados federais do PSL que são delegados das polícias Civil e Federal aderiram ao grupo do presidente do partido, Luciano Bivar (PE), e os seis deputados que são oficiais da reserva do Exército e da Aeronáutica alinharam-se ao clã Bolsonaro.

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

Menu de Topo