Indústria prepara repasse da alta do dólar

A indústria prepara uma onda de reajuste de preços devido à alta do dólar, que neste ano já subiu quase 10%, o que deve ampliar a pressão inflacionária até o fim do ano.

No entanto, os repasses não devem chegar integralmente ao consumidor, que resiste em pagar mais e ameaça substituir produtos ou desistir da compra.

Há pressões de custos em vários segmentos da indústria, como computadores, eletrodomésticos, eletroeletrônicos, autopeças e veículos.

São setores que utilizam mais de 30% de peças e insumos importados.

Os eletrodomésticos da linha branca e os televisores também vão ficar mais caros.

“Temos grande pressão no custo de insumos, principalmente aço e componentes. O setor não consegue absorver isso sem repassar”, diz Lourival Kiçula, presidente da Eletros (eletrodomésticos).

O aumento do aço, insumo para vários bens duráveis, depende de negociações diretas com os fornecedores. Alguns fabricantes relataram que os fornecedores querem impor reajustes entre 10% e 25%.

No setor de eletrônicos, os reajustes já começaram. No início do mês, fabricantes elevaram em 3% o preço dos produtos para o varejo, que repassou ao consumidor, diz Humberto Barbato, presidente da Abinee (eletrônicos).

A indústria vinha absorvendo as recentes altas do dólar desde o início do ano. Em maio, porém, quando a moeda atingiu R$ 2,25, não foi mais possível segurar o reajuste, disse Barbato.

“Ninguém vai aumentar além do necessário porque, no atual cenário, a tendência é perder mercado se os preços subirem muito.”

Segundo Ivair Rodrigues, da consultoria IT Data, as negociações entre a indústria e o varejo nos últimos meses foram difíceis.

“De um lado, o varejo está pressionado para tentar vender mais barato, já que o consumo não cresce tanto. Do outro, a indústria não tem mais condições de absorver a alta dos custos.”

O DOBRO DO PREÇO

Segundo ele, componentes de microcomputadores, como memória e HD, dobraram de preço neste ano.

Estima-se que 70% dos itens de PCs, celulares e tablets sejam importados. O primeiro semestre fraco e a perspectiva de reajustes já fazem a indústria de eletroeletrônicos demitir. Em maio, o setor fechou 2.170 vagas, queda de 1,17% ante o mês anterior.

No setor de brinquedos, a alta do dólar terá impacto marginal e chega a ser comemorada pelos fabricantes nacionais, que veem o produto importado mais caro. A indústria nacional trabalha só com 3% de peças importadas.

“As lojas já importaram os produtos para o Dia da Criança e o Natal. O aumento será em 2014”, afirmou Synésio Batista, presidente da Abrinq (brinquedos).

Fonte: Folha de São Paulo

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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