Governo libera 40% a mais em emendas para deputado aliado
Os deputados que votaram para barrar a denúncia contra o presidente Michel Temer na última quarta-feira (25) receberam em média 40% a mais em emendas parlamentares do que os demais.
Emendas são propostas que deputados apresentam para atender as bases eleitorais (como para construção de escola ou de ponte). O Executivo regula os pagamentos.
Levantamento feito pela Folha, com base em dados oficiais, mostra que o Planalto pagou em média R$ 2,6 milhões em emendas para os deputados que bloquearam a investigação contra Temer. O período considerado começa em agosto, quando a primeira denúncia foi barrada.
Os que votaram pela continuidade da apuração receberam R$ 1,9 milhão no período, diferença de 40%.
A oposição afirma que o governo tem usado liberação de emendas para garantir votos no Congresso.
Isoladamente, agosto passado foi o mês em que houve a maior diferença de recebimento entre os dois grupos, em termos absolutos, desde o início da gestão Temer.
Os governistas ganharam R$ 865 mil a mais que os demais, em média. Até então, a liberação de recursos para os dois grupos não divergia significativamente.
OUTRO LADO
O governo afirmou, por meio de nota oficial, que não há “relação entre liberação de emenda e o voto parlamentar. Prova disso é que emendas foram empenhadas tanto para deputados da oposição quanto da base aliada, em valores equilibrados”.
O governo não comentou especificamente sobre a diferença de 40% em favor aos que votaram com o governo.
Além disso, o posicionamento do governo usa como critério o “empenho” das emendas, etapa orçamentária em que o Executivo apenas promete que poderá fazer a liberação do recurso.
O levantamento da Folha considerou o pagamento efetivo das emendas.
A gestão Temer diz que se baseia em critérios técnicos para distribuir os recursos. E ressalta que desde 2015 o Executivo não pode mais congelar as verbas para emendas —ele pode, porém, definir o ritmo das liberações.