Governo faz ‘varejão’ de ministérios que estavam com o PMDB
Um dia após o rompimento do PMDB com o governo, a equipe da presidente Dilma Rousseff passou a oferecer ministérios que estão nas mãos de peemedebistas para partidos como o PP e o PR, na tentativa de conseguir votos nessas legendas e barrar a abertura de um processo de impeachment na Câmara.
Ao PP o governo ofereceu o Ministério da Saúde, hoje sob o comando de Marcelo Castro (PMDB-PI). Ao PR, o Ministério de Minas e Energia, que ainda está sob o comando de Eduardo Braga (PMDB-AM).
A ofensiva explícita do Planalto despertou críticas mesmo nas alas mais moderadas do PMDB, que acusaram a presidente de promover uma “liquidação do Estado”.
Em defesa da estratégia, o ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, afirma que trocas de cargos “ocorrem 365 dias por ano em um governo federal”. “Não existe espaço vazio na política”, disse à Folha.
A intenção de entregar a Saúde ao PP, por sinal, acabou revelando um acordo informal que o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), havia feito com o governo de, mesmo com o rompimento, dar até 25 votos para barrar o impeachment.
Picciani, ao saber da decisão do Palácio do Planalto de tirar seu aliado Marcelo Castro da pasta, disse que romperia o acordo informal com a presidente Dilma.
O desconforto com a negociação aumentou depois que a ministra Kátia Abreu (Agricultura), amiga da presidente, foi flagrada pela Folha enviando mensagens de celular nas quais assegurava que os seis ministros do PMDB não deixariam os cargos.
Na conversa, a ministra dizia que ela e seus correligionários se licenciariam da legenda para apoiar Dilma e que tal decisão havia sido alinhavada na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).