“Gestão Pública é lidar com a escassez”, diz Gilberto Gil
Com 70 anos completos em junho passado, Gilberto Gil não pensa em parar tão cedo. Ele gosta de lembrar que, recentemente, esteve com um senhor de 80 anos e, na conversa, disse a ele: “Um dia eu ainda lhe alcanço”.
Um dos sinais da vitalidade Gil é sua memória prodigiosa. Em questão de minutos, sem tropeçar, ele cita todas as 14 cidades americanas e quatro canadenses pelas quais acabou de passar com uma turnê.
Com a agenda cheia, os compromissos agora são outros, como divulgar CD e DVD de “Concerto de Cordas & Máquinas de Ritmo”.
O novo trabalho, um registro ao vivo feito em maio deste ano no Theatro Municipal do Rio, traça um panorama da carreira de Gil. Com direção de Andrucha Waddington, o disco tem orquestra regida por Jacques Morelenbaum e Carlos Prazeres.
Além disso, Gil ganha exposição em homenagem a seus 70 anos no Itaú Cultural, de 12/12 a 17/02.
Com curadoria de André Vallias, a mostra tem trabalhos de 27 artistas, como Arnaldo Antunes e Adriana Calcanhotto.
Diante de tantos compromissos, ele diz sentir falta de ficar mais tempo só. “Quero ver se no verão, passo uns dias na Bahia para ter mais espaço contemplativo para a canção e ver se componho.”
INÉDITA E MINC
Até lá, mais trabalhos na agenda. Os principais são dois encontros com Stevie Wonder nos dias 23, no Centro Cultural João Nogueira, no Rio, e 25, na praia de Copacabana.
Os artistas trocaram telefonemas, mas não definiram repertório. O brasileiro se apresentará antes, com a filha Preta Gil.
O cantor e compositor brasileiro diz que no, ano passado – durante a passagem do cantor americano no Rock in Rio–, Wonder lhe mostrou uma música inédita, que Gil espera receber a música para compor letra.
“Lembro quando ele surgiu com um resgate da música negra americana. Se tornou um artista cativo para mim, como o João [Gilberto] e o Bob Marley.”
Quando o assunto é política, o ministro da Cultura entre 2003 e 2008, diz acompanhar à distância a gestão da atual ministra Marta Suplicy e volta a criticar o orçamento exíguo da pasta.
“Gestão pública é lidar com a escassez. Talvez ela [Marta] vá se deparar com o que Caetano falou”, diz o ex-ministro, referindo-se à declaração de Caetano de que, devido ao baixo orçamento do MinC, Gil fez propostas importantes, mas não realizou “coisas incríveis”.
Fonte: Folha de São Paulo