Gargantas rasas – Maurílio Fontes

GARGANTA PROFUNDA

Meninos acreditam em anjinhos. Creem em versões oficiais. Desconhecem que jornalismo não é feito a partir do falso bailado dos políticos.

Não sabem quem foi W. Mark Felt (Garganta Profunda), célebre fonte do caso Watergate.

Políticos gostam de manipular a verdade. Jornalismo se faz, em larga medida, com o desmascaramento dos falsos discursos politiqueiros.

Aí está a raiz, o cerne e o fulcro das questões recentes que envolvem o Alagoinhas Hoje.

Muitos querem esconder os fatos, dourados com versões oficiais transmutadas em verdades de ocasião, quando todos os indícios dizem simplesmente o contrário.

O Alagoinhas Hoje, em sentido inverso àquele praticado pelos meninos, acredita pouco nas versões oficiais e muito em suas fontes.

Os neófitos, que não conhecem os bastidores da política, optaram pelo caminho mais fácil e cômodo: dar vazão (caros escrevinhadores, vazões é grafada com Z e não com S). Além de não conhecerem nada sobre política, ofendem a língua portuguesa, não apenas por arroubos adolescentes, mas por ignorância atávica.

É de bom alvitre iniciar banca de ortografia/sintaxe com a professora Lucia Cardoso, que formou gerações de alunos no Colégio Anísio Teixeira, situado no bairro da Caixa D´Água (Salvador).

A mestra possuía (e ainda possui) grande esmero com a língua portuguesa. Em classe regular da professora, os meninos seriam reprovados sem direito à recuperação. Hoje, militando na UNEB, Lucia Cardoso orienta doutorandos.

PROS

Os neófitos utilizaram tempo e espaço da internet para tentar desmentir o Alagoinhas Hoje no caso da disputa pelo controle do PROS. Naufragaram nas versões oficiais de três personagens – o vereador Gilson Guimarães, o deputado Joseildo Ramos e a professora Jacilena Almeida -, que negaram a refrega em busca da legenda.

Às 9h59 de hoje, em conversa com o editor do AH, o vereador Gilson Guimarães afirmou que sua entrevista não desmentiu as nossas informações.

Os fatos desta quinta-feira apenas confirmaram o conteúdo publicado pelo Alagoinhas Hoje. Havia, sim, uma disputa nos bastidores. Que ainda está em curso. 

Se as negativas foram acolhidas, por imperícia, imprudência e incompetência, não é problema dos milhares de leitores do AH.

Ao serem enganados, os meninos enganaram a dúzia de leitores que possuem. O dano é pequeno, mas registra que eles precisam ganhar cancha e discernimento conceitual na relação com os políticos e/ou postulantes a ingressar neste meio.

Faltam-lhe os instrumentais imprescindíveis ao labor que abraçaram: critérios de noticiabilidade, senso de apuração, capacidade analítica para juntar os fios desencapados e a boa descrença, que é o GPS a nos alertar sobre as tentativas de esconder a verdade.

Uma pergunta paira no ar: sem a intervenção direta do deputado Joseildo Ramos (PT) na disputa pelo PROS, o advogado Antônio (Tonho Rato) Barreto e a professora Jacilena Almeida teriam condições políticas de assegurar o controle da legenda? A resposta óbvia: Não.

Ambos não possuem mandatos e votos são uma incógnita para a professora. Tonho Rato, ao contrário, foi testado nas urnas e reprovado pelos eleitores.

Portanto, a legítima intermediação do deputado se transformou no royal street flash do jogo de bastidores.

Mas os meninos, pobres coitados, vão continuar acreditando que os políticos são seres angelicais e que suas versões correspondem à mais cristalina das verdades.

Tempo perdido

Jornalista da SECOM, ao invés de investir seu tempo em qualificação profissional, necessária e urgente, como pode ser comprovada pelo texto abaixo, se regozija em me atacar nas redes sociais.  

O jornalista (lá são duas jornalistas e mais o cidadão em tela) parece não ter noção das barbaridades que escreve, que não explicam, confundem os leitores, que precisam de esforços hercúleos para compreender seus hieróglifos.

O teclado do computador não é facão ou serrote sem amolação devida.

Se alguém entender o completo teor do texto abaixo, publicado ontem no site oficial da Prefeitura de Alagoinhas, merece um prêmio (http://www.alagoinhas.ba.gov.br/index.php?link=visualiza_noticia&id_noticia=6886):

Prefeitura reúne entidades sobre padronização dos vendedores de acarajé 

Diversas entidades estiveram reunidas na manhã dessa quarta-feira, 30, para tratar da padronização dos comerciantes de acarajé. Representantes do executivo (prefeito, secretários e diretores), legislativo (vereadores), sociedade civil organizada e as algumas baianas de acarajé avançaram sobre o tema. Há um projeto elaborado que será discutido na Câmara de Vereadores, por meio de audiência pública, para ser sancionado pelo executivo.

A proposta é cadastrar todos os comerciantes do quitute, definir o local de atuação de cada um deles e padronizar (estruturalmente) os quiosques de vendas. Com essa organização, os comerciantes terão, além do local adequado (em estrutura e higiene) poderão receber cursos de empreendedorismo, atendimento ao cliente e cooperativismo. Está agenda uma próxima reunião com os setores envolvidos para a quarta-feira, 06 de maio. 

Pergunto:

  • O que título pretende comunicar?
  • “Avançaram sobre o tema”?

O título não diz nada. Mais confunde do que explica.

Seria mais fácil e didático escrever, no corpo da matéria, que “as discussões sobre o tema avançaram”. A simplicidade de Garrincha talvez resolvesse o problema. 

Da forma que está, fica parecendo que as baianas de acarajé passaram por cima do assunto, como se ele fosse tangível ou palpável. 

O texto não foi revisado.

Existem erros, que confundem o seu entendimento. O necessário e bom preciosismo passou longe.

O release acima não é mera e “honrosa” exceção.

É regra cotidiana, exigindo do Alagoinhas Hoje plástica diária, quando há tempo e disposição, para tornar os textos oficiais palatáveis aos nossos leitores.

Talvez, a permissividade do WhastsApp o deixe mais à vontade. Lá, quase ninguém está preocupado com conteúdo e forma.

Quando me ataca, o jornalista esquece que ele pode estar falando em nome da administração do prefeito Paulo Cezar. Afinal, ocupa cargo de confiança com salário pago pelos contribuintes de Alagoinhas.

Não há como fazer a dissociação entre o cidadão e as funções que exerce.

Se ele tivesse uma verve de qualidade, a exemplo de tantos baianos do passado e do presente, seria respeitado por mim.

Mas não vejo uma réstia de luz em seus textos, que pela padronização costumeira, podem ser lidos na escuridão.

Um registro: considerei bem-humorado texto publicado em outro site, não envolvido em polêmicas recentes, demonstrando que a acidez pode ser transformada em pilhéria.

Sem necessidade de Estomazil.

Bom combate

O Alagoinhas Hoje continuará fazendo o bom combate, buscando informações de bastidores e apresentando aos leitores os fatos.

As versões oficiais, sempre muito certinhas e assépticas, não serão acolhidas porque destoam da verdade.

Este trabalho deve ser desempenhado pelos comodistas, que descobriram uma forma de ganhar a vida: alardear para seu universo diminuto “as verdades” dos políticos.

Confundem versões com verdades. Notas oficiais com contestações “verossímeis” ao que foi publicado pelo Alagoinhas Hoje.

Um dia, que está bem longe, eles, os meninos amarelos, poderão superar o nosso trabalho.

É a lei natural da existência, mas enquanto eu tiver saúde os neófitos não serão páreo para o Alagoinhas Hoje.

Suas gargantas ainda são rasas.

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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