FGTS como garantia só beneficia bancos, diz conselheiro
A ideia do governo de usar uma parte da multa do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) como garantia aos empréstimos consignados, em caso de demissão – como defendeu nesta sexta-feira, 22, em Davos (Suíça) o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa – é prejudicial aos trabalhadores e só beneficia os bancos.
A avaliação é de Luigi Nese, representante dos patrões no conselho curador do FGTS, órgão que aprova os investimentos do fundo.
“Os banqueiros estão preocupados com o aumento das demissões. Com certeza aumentará a inadimplência do consignado, como consequência do fechamento de 1,5 milhão de vagas formais em 2015 e da mesma quantidade, praticamente, neste ano”, afirmou ao jornal “O Estado de S. Paulo”.
Para Nese, presidente da Confederação Nacional de Serviços (CNS), a sugestão dos bancos só atende aos interesses do sistema financeiro.
“O banco simplesmente vai aumentar sua garantia. Nada garante que a operação será mais barata. Acho que já são extorsivos os juros cobrados no consignado, já que os bancos têm a garantia do desconto em folha de pagamento”, disse.
Ele afirmou que, em caso de demissão, para o trabalhador seria melhor usar a multa gerada, equivalente a 40% sobre o saldo do FGTS, para quitar eventuais endividamentos que tenha contraído a juros mais altos, como cheque especial e cartão de crédito.
Cláudio da Silva Gomes, representante da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no conselho, acredita que o lastro dos empréstimos consignados em parte da multa do FGTS será positivo para ampliar o crédito.
“Qualquer medida que venha neste sentido, desde que não haja prejuízo para o trabalhador, é importante para reativar a economia e a geração de novas vagas”, analisou.
Fonte: Exame