Ex-deputados presos na Lava Jato se negam a falar à CPI da Petrobras

O ex-deputado Luiz Argôlo se calou diante da CPI da Petrobras

No segundo dia de depoimentos em Curitiba (PR), os parlamentares da CPI da Petrobras não conseguiram ouvir as explicações de dois ex-deputados presos e indiciados pela Polícia Federal por crimes como lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e corrupção. André Vargas (ex-PT) e Luiz Argôlo (SD) preferiram manter silêncio na audiência.

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Os parlamentares ficaram visivelmente constrangidos em questionar Argôlo, que permaneceu o tempo todo segurando um terço na mão esquerda. O deputado Aluísio Mendes (PSDC) até aconselhou Argôlo a fazer a delação premiada. “O senhor é novo. Outras pessoas que cometeram crimes até mais graves, como Paulo Roberto Costa [ex-diretor de Abastecimento da Petrobras], já estão em casa. Pense nisso, pois o senhor certamente tem muito a dizer”, sugeriu.

Nas considerações finais, Argôlo alegou que é inocente e que foi apresentado ao doleiro Alberto Youssef pelo ex-ministro das Cidades Mario Negromonte (PP) e pelo vice-governador da Bahia, João Leão (PP). Antes de sair da sessão, Argôlo cumprimentou o relator da CPI da Petrobras, deputado Luiz Sérgio (PT), e deu um abraço no 1° vice-presidente, deputado Antônio Imbassahy (PSDB).

André Vargas foi cumprimentado de pé por alguns deputados da CPI da Petrobras assim que entrou no auditório da Justiça Federal, além de ter sido tratado como “vossa excelência”. Ele recebeu abraços de Luiz Sérgio e Antônio Imbassahy.

Mesmo com toda a deferência dos ex-colegas, Vargas repetiu que preferia ficar em silêncio ao ser questionado. O deputado Onyx Lorenzoni (DEM) reclamou do tratamento formal e pediu aos colegas que chamassem Vargas de “senhor”. “Vossa excelência ou vossa senhoria, é demais”, disse o democrata.

Corrêa – O deputado cassado Pedro Corrêa não queria responder as perguntas da CPI da Petrobras, chegou a declarar que ficaria em silêncio, mas logo nas suas considerações iniciais, começou a reclamar, porque se via na condição de “bi-preso”. Corrêa foi condenado no julgamento do mensalão e é acusado de ser beneficiário do petrolão.

Por mais de duas horas, Corrêa negou ter recebido dinheiro sujo de Alberto Youssef. Segundo ele, foram “apenas doações legais”. O ex-deputado admitiu que conhecia Youssef e que soube, pelo ex-colega de partido José Janene, morto em 2010, que o ex-presidente Lula teria indicado Paulo Roberto Costa para assumir um cargo de direção na Petrobras. “Mas a cota dele ficaria com o PP”, disse.

No final, Corrêa afirmou que não fará acordo de delação premiada e que os partidos políticos pedem cargos ao governo para fazer favor a empresários que financiaram suas campanhas. “Peço aos deputados que avaliem e façam a reforma política. Isso tem que acabar.”

Mais cedo, os parlamentares tomaram depoimento da doleira Nelma Kodama, ex-amante de Youssef e condenada a dezoito anos de prisão. Ela disse que negocia um acordo de delação premiada com os investigadores da Lava Jato. O traficante René Luiz Pereira, também ligado a Youssef, se calou.

Fonte: Veja

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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