Empresas precisam de mais funcionários 'rebeldes', diz milionário britânico

Um dos empresários mais ricos e famosos do Reino Unido, Richard Branson, diz que seria um funcionário problema para qualquer chefe e que seus superiores teriam que “aceitar que poderia não fazer as coisas exatamente como eles queriam”.

Segundo o criador do grupo Virgin – que inclui 400 empresas, desde um selo musical até uma linha aérea –, empresas de todos os tamanhos deveriam contratar mais funcionários independentes, teimosos e com pouco apego às regras, como ele.

Mas além de contratá-los, as companhias em questão ainda devem “ser boazinhas” com esses funcionários, apesar dos problemas que eles inevitavelmente causariam.

“Eu diria (aos potenciais chefes): ‘Se você não lidar bem comigo, vou sair daqui e criar meu próprio negócio e acabarei competindo com você. Cuide de mim, me respeite e aceite que eu sou um objeto quadrado em um buraco redondo’.”

O argumento de Branson é que as novas ideias e a motivação que esses funcionários rebeldes geralmente trazem para um negócio compensam o fato de que eles costumam ser pessoas difíceis de trabalhar.

Em um mundo já repleto de palavras e frases da moda no jargão dos negócios, mais uma foi criada para descrever essas pessoas – “talento perturbador”. Os autores da expressão são os psicólogos de negócios da consultoria britânica OE Cam.

‘Provocadores e implacáveis’

Martyn Sakol, um dos sócios da OE Cam, diz que uma pessoa com talento perturbador tem diversos atributos positivos a oferecer para uma empresa. “Eu definiria talento perturbador como indivíduos que pensam e agem diferentemente, inovam, desafiam o senso comum, enxergam tendências, veem oportunidades comerciais e encontram maneiras de conseguir sucesso”, afirma.

No entanto, ele ressalta que essa pessoa precisa ser conduzida com firmeza, para evitar que a contribuição dela seja ruim.

“O talento perturbador pode sair dos trilhos. É preciso garantir que os funcionários tenham apoio, seja trabalhando individualmente, seja em equipes.”

A empresa britânica AB Agri, especializada em alimentação de animais, é uma das que aderiu ao perfil: seu diretor executivo, David Yiend, afirma que tem buscado talentos perturbadores desde o ano passado.

“Nós ressaltamos (ao divulgar vagas) que estamos procurando candidatos que sejam provocadores, irredutíveis e implacáveis em sua busca por metas”, diz Yiend.

“Eles têm que estar preparados para argumentar e debater, não só aceitar as regras.”

Mas, uma vez que você conscientemente contratou esse tipo de funcionário, como você o integra à sua força de trabalho? E, mais importante, como impedir que os funcionários existentes não se incomodem com o constante fluxo de pessoas difíceis?

Segundo Yiend, o segredo é deixá-los separados. “Você não integra, na verdade. Administra os indivíduos de maneira diferente, mas com todos trabalhando para atingir as mesmas metas”, afirma.

Problemas

De acordo com o psicólogo de negócios Stuart Duff, as empresas também devem estar cientes de que contratar talentos perturbadores pode trazer mais problemas do que benefícios a um negócio.

“Trabalhamos muito com pessoas assim, que são brilhantes em um tipo de trabalho, muito inventivas e criativas, mas que não têm chance de se encaixar na cultura dos negócios.”

“O resultado disso é que outras pessoas na empresa não conseguem lidar com a quantidade de antagonismo e ruptura que elas trazem consigo. É por isso que pessoas que podemos chamar de talentos perturbadores tendem a abrir seus próprios negócios.”

Para Richard Branson, que tem fortuna estimada em 3 bilhões de libras (R$ 15 bilhões), a ideia de abrir o próprio negócio certamente funcionou.

“Acho que qualquer pessoa que começa um negócio é, em certo sentido, um indivíduo perturbador, porque começar um negócio é simplesmente alguém pensando: ‘Consigo fazer isso melhor do que qualquer outra pessoa e sei como fazê-lo”, disse.

“Quando eu tive a ideia de abrir minha linha aérea e minha empresa de viagens comerciais ao espaço, as pessoas me deram muitas razões para não fazê-lo. No fim das contas, você precisa ser um líder e tentar.”

Fonte: Brasil Econômico

 

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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