‘Eleitor optará entre mudança com mais segurança ou mais ousada

O diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, prevê um segundo turno entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e a ex-senadora Marina Silva (PSB), no qual “o eleitor deve escolher entre quem vai oferecer uma mudança com mais segurança ou uma mudança mais ousada”.

“A mudança com segurança seria Dilma ou uma mudança mais ousada, quebrando a polarização PT-PSDB, que seria escolher a Marina”, diz Paulino.

Na opinião do diretor-geral do Datafolha, o senador Aécio Neves (PSDB) deverá estar fora da segunda etapa da disputa presidencial. “[Ele] terá outras eleições pela frente”, afirma. Paulino crê que Aécio teria errado na estratégia e se apresentado como “um político tradicional”.

Indagado se o PT, que está há quase 12 anos no poder, tem credibilidade para falar em mudança, Paulino responde: “Sinto que o eleitor não engole muito isso. De fato, neste momento há um desejo de ruptura, como havia na eleição de 2002. Mas existe também um sentimento, alimentado pelas campanhas publicitárias do PT, de gerar um certo medo, uma certa insegurança em investir em alguém que não é tão conhecido. (…) Eu diria que o discurso de Marina tem mais chance de colar nesse anseio de mudança que atinge 80% da população do que tem o de Dilma”.

Segundo Paulino, “essa eleição começou em junho de 2013, a partir da explicitação do descontentamento da população com os políticos, a partir daquelas manifestações”. “Desde então esse sentimento de mudança vem crescendo. E é o pano de fundo desta eleição. Tanto que os 3 principais candidatos colocaram o termo ‘mudança’ em seus slogans”, diz.

O diretor-geral do Datafolha considera que surtiram efeitos os comerciais de campanha nos quais o PT criticou Marina, mas adverte: “Se [a agressividade] passar de um determinado ponto, corre risco de ter efeito reverso”. No entanto, acha que o ”PT já precisa começar a vencer o segundo turno no primeiro, aproveitando essa vantagem de tempo na TV” sobre Marina. Na segunda fase, as candidaturas têm o mesmo tempo de propaganda política.

Segundo o diretor-geral do Datafolha, “não é necessário que Dilma vença em São Paulo, mas ela precisa melhorar” seu desempenho no maior colégio eleitoral do país para “aumentar suas chances no segundo turno”. Ele, porém, não concorda que São Paulo vá decidir a eleição ou com “essas análises de que determinados segmentos ou determinado Estado” possam determinar o resultado do pleito.

Ele acredita que o eleitorado da nova classe C, especialmente na faixa de renda familiar de dois a cinco salários mínimos, terá peso na eleição presidencial. É o segmento que mais exige melhoria, principalmente nos serviços de saúde pública. Está desassistido tanto dos serviços de saúde privada quanto públicos. O serviço privado de saúde também recebe muitas críticas hoje. Então é, de fato, um segmento talvez mais nervoso hoje da população, no qual esse discurso do medo pode fazer mais efeito. Porque tem conquistas, relaciona essas conquistas aos governos petistas, mas, por outro lado, quer subir um degrau”, diz. Também é uma faixa do eleitorado que foi atingida pela inflação do preço dos alimentos, pondera Paulino.

Paulino afirma que uma “identicação maior do [eleitor] paulista”, principalmente do interior do Estado, com o PSDB impede que o sentimento mudancista afete a virtual reeleição do governador de São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin, no primeiro turno. ”É um eleitor que presta mais atenção num discurso um pouco mais conservador, voltado mais à segurança pública, a críticas aos serviços públicos. E isso cola mais com a imagem do PSDB em São Paulo do que com a do PT.”*

PINGUE-PONGUE COM MAURO PAULINO

Dilma Rousseff, do PT: É uma boa administradora.

Marina Silva, do PSB: Novidade.

Aécio Neves, do PSDB: Terá outras eleições pela frente.

Pastor Everaldo, do PSC: Começou como uma novidade, mas perdeu votos para Marina.

Eduardo Jorge, do PV: Interessante nos debates.

Luciana Genro, do PSOL: Traz uma visão diferente e provocadora para os debates.

Levy Fidelix, do PRTB: Um fanfarrão.

Mauro Iasi, do PCB: Não tenho opinião.

Rui Costa Pimenta, do PCO: Também não tenho opinião.

José Maria Eymael, do PSDC: Persistente.

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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