E o Enem segue, apesar do vírus ampliar a desigualdade do jogo
Dizem que crises como a da pandemia do corona têm o mérito de expor facetas invisíveis da sociedade. E uma delas está na educação, a brutal diferença entre alunos da rede particular e os da pública. Os primeiros a pleno pique tendo aulas por videoconferência. Os segundos nas filas correndo atrás dos R$ 50 da merenda.
A Secretaria de Educação do Estado até implementa um projeto no sentido de ampliar o aparato digital, mas o secretário Jerônimo Rodrigues admite que alguns segmentos resistem, achando que isso vai suprimir vagas de professores.
Fosso — Que pena. Apenas atrasa o uso de ferramentas que já estão incorporadas ao rumo do futuro próximo. E numa circunstância dessas, em que a parte mais pobre do público interessado luta pela comida, vem o governo federal e abre as inscrições para o Enem, a ser realizado em novembro, dizendo que o calendário está mantido.
Jerônimo, o secretário baiano, atacou:
— É uma decisão equivocada e autoritária. Realizar o Enem num ano de pandemia é um erro grave. É desconsiderar a realidade social da maioria dos estudantes. A SEC disponibiliza conteúdos, mas é difícil para aqueles que moram em áreas remotas, na zona rural, nos quilombos, nos distritos e até mesmo na periferia das cidades, que não têm internet.
Em suma, Enem nas atuais circunstâncias é ampliar o fosso entre os já muito desiguais.
O futebol na pandemia
O futebol voltou na Coreia do Sul, mas Adriano Michael Jackson, ex-jogador do Bahia que atua lá no Jeonbuk Hyundai, faz a ressalva: as restrições para o trânsito de carros e pessoas são rigorosíssimas.
– Eu só tenho autorização para ir de casa para o centro de treinamento e voltar, de lá para o estádio e voltar. Se for apanhado fora do roteiro, a multa é de US$ 1 mil.
Com o dólar a R$ 5,80, isso quer dizer R$ 5,8 mil.
Projeto do abono adiado
Caiu por falta de quórum o projeto do governo que pretende extinguir o abono de gratificação, com um detalhe: embora a oposição como um todo tenha decidido votar contra , está havendo conversas na bancada governista e Rui aceita fazer algumas alterações.
Uma delas é deixar a vigência para o início do ano que vem, outra é envolver Legislativo e Judiciário. O governo diz que o abono custa R$ 128 milhões por ano.
Perigo no regimento
Mas no embalo da falta de q1uórum na Alba, Nelson Leal (PP), o presidente, deu um recuo tático. Os deputados Hilton Coelho (PSOL) e Soldado Prisco (PSC) ameaçaram judicializar a questão.
Uma das vacinas a serem adotadas é a mudança do regimento para sessões virtuais. Alguns dizem que elas só valem para aprovar matérias da Covid. Nelson quer valendo para qualquer matéria, até porque não se sabe quando a crise vai acabar.
De Baiaco, ex-craque, sobre Osmar Ramos: ‘Fiquei triste’
Lembra de Osmar Ramos, aquele que quando era prefeito de São Francisco do Conde aparecia em comerciais de televisão bradando: ‘Sábado que vem, tem mais!’?
Ele faleceu na madrugada de ontem. Foi vereador sete vezes, deputado estadual uma (a Alba decretou luto oficial de três dias) e prefeito duas. Na ditadura, quando São Francisco do Conde era Área de Segurança Nacional, foi um arauto na luta pela democratização. Quando a Constituição de 1988 acabou isso, virou prefeito.
Quando Osmar estava no auge, Baiaco, ex-craque do Bahia (72 anos), também estava.
Os dois eram amicíssimos. E Baiaco lamentou:
— Estou muito triste, não vou mentir.
Foi sepultado no início da tarde com carreata.