Duelo anatômico das cantoras repercute mais do que a música
Se a abertura da Copa não foi exatamente empolgante, a música contribuiu bastante para o tom morno do, digamos, espetáculo.
Depender do hino da Copa, “We Are One (Ole Ola)”, não poderia sustentar qualquer boa expectativa. Desde seu inflado lançamento oficial, é evidentemente uma gravação que coleciona equívocos.
Primeiro: não tem a mínima conexão com música brasileira. Um pouquinho de samba de gringo na mistureba sonora e alguns versos em português cantados por Claudia Leitte? É muito pouco.
Segundo: essa bagunça musical, com pop, rap, pancadão e o quase samba, com assobios, palmas e o corinho de “olê, olá”, quis ser tudo e não é nada. Simplesmente não pega, não empolga.
Terceiro: quem é Pitbull? Vende disco lá na quebrada dele, mas está longe de ser figura de impacto. Ontem, seu papel em cima da bola-palco poderia ter sido feito pelo ator Eri Johnson de amarelinha.
Jennifer Lopez não canta nada, mas pode ser considerada uma figura de impacto, por características corporais já consagradas.
Com o trio cantando do jeito que dava, ajudado por claríssimos vocais pré-gravados de apoio, Jennifer e Claudia travaram um duelo anatômico que repercutiu mais do que o ritmo de “We Are One”.
Num show sob sol, sem luzes artificiais nem brilho, a batida murcha da canção não foi salva nem pelo Olodum.
Deu saudade de 2010 e o “Waka Waka” de Shakira.
Fonte: Folha de São Paulo