Do Coliseu à Fonte Nova – Hugo Leonardo

Por trás da oposição à COPA do MUNDO no BRASIL, há um antigo discurso dos setores mais retrógrados para exercerem sua dominação, que revela um COMPLEXO DE INFERIORIDADE que as elites sempre tentam impor ao POVO BRASILEIRO, a fim de que este continue ignorando sua própria glória e seu papel civilizatório na humanidade.

Tal tentativa busca esconder o que o festejado antropólogo DARCY RIBEIRO identifica como nossa romanidade tardia, ou adormecida. Com efeito, em seu célebre livro “O Povo Brasileiro”, que segundo ele mesmo “mostra por que caminhos e como nós viemos, criando aquilo que eu chamo de Nova Roma. Roma com boa justificação… Roma por quê? A grande presença no futuro da romanidade, dos neolatinos é a nossa presença. 

E para os que duvidam da nossa unidade, diz ele: “há, sim, um brasileirismo arraigado: torcemos pela seleção tal como se houvesse uma guerra entre povos”.

Então, porque tanto ódio e ojeriza da grande Mídia contra a COPA DO MUNDO no BRASIL, buscando influenciar o povo justamente contra um dos aspectos em que, tal qual o carnaval, mais representa nossa romanidade?

Além dos indiscutíveis benefícios advindos da Copa aqui (só com o Turismo arrecadaremos 25 bilhões de dólares), como teríamos dimensão do significado de Roma no mundo antigo se não fosse o Coliseu e as diversas outras arenas que construiu aquele povo em seus territórios, como na Croácia, por exemplo? E os gregos, ao realizarem as Olimpíadas? Será que não merecemos que daqui mil anos deixemos as marcas de que por aqui combateram nossos próprios e demais gladiadores do mundo atual?

Mais graves são as contradições. Enquanto a TV aberta de uma emissora nos puxa para baixo, a sua TV fechada, a “News”, faz uma entrevista com um pensador italiano que nos elege como o 15º modelo civilizatório da história da humanidade. Para ele, por diversos motivos que aponta, “o Brasil já está acontecendo”.

Penso que o debate é limitado, obtuso e incoerente. Sem mencionar que ao complexo de inferioridade que tentam nos impor, somam-se os interesses eleitorais. E, nesse caso, o debate passa a ser rasteiro mesmo. Ao menos para quem tem olhos de ver.

Noutro giro, sediar tal evento, não seria uma oportunidade de mostrar aos outros povos que, quanto às Copas do Mundo de Futebol, não só somos capazes de ganhá-las, mas também de realizá-las? E assim, quem sabe, possamos revelar ao menos um pouco da nossa “romanidade adormecida”, pulando do Coliseu para arenas como o Maracanã e a Fonte Nova?

O que reforça minha crença nisso é o orgulho que senti quando, numa entrevista à ultraconservadora Revista Veja, na qual autodeclarou-se o maior enxadrista do mundo, o russo Andrei Gasparov: “no xadrez, eu sou algo como a Seleção brasileira de futebol, no mundo, ninguém é páreo para mim”.

Será que alguém mais duvida?

Hugo Leonardo é advogado

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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