Dinheiro traz felicidade se nos proporciona tempo de qualidade – Daniel Martins de Barros

A relação entre dinheiro e felicidade é um tema recorrente nesse espaço. Outro assunto que frequentemente abordo são os jogos de tabuleiro. Pois hoje tratarei de ambos ao mesmo tempo pela primeira vez.

As pessoas que se aproximam do hobby dos jogos de tabuleiro modernos pela primeira vez estranham os preços dos títulos, que não costumam ser baixos. Embora haja jogos extremamente interessantes em formatos pequenos e acessíveis, os jogos mais elaborados e sofisticados via de regra têm apresentações mais pomposas, com preços igualmente vultosos. E num primeiro momento pensar em gastar algumas centenas de reais num jogo pode não parecer um bom investimento.

Trata-se de uma percepção equivocada – e por vários motivos. Em primeiro lugar o jogo leva entretenimento para várias pessoas ao mesmo tempo, o que obviamente reduz a relação entre custo-diversão (como quando alugávamos uma fita VHS na locadora e a turma toda assisitia ao filme em vez de comprar vários ingressos para o cinema). Além disso a experiência não se limita a uma partida – os jogos modernos costumam ter muita rejogabilidade, pois geralmente incluem uma variabilidade de cenários que torna cada nova disputa diferente da anterior. O que também reduz o gasto do lazer, uma vez queapós o investimento incial o custo de novas partidas é zero.

Pensei quanto testava o jogo Bravo!, lançamento da linha Premium Games da Estrela. A quase centenária empresa de brinquedos vem investindo em jogos modernos criados por designer brasileiros, valorizando o hobby no Brasil e ajudando em sua divulgação. Em Bravo!, do designer Robert Coelho, cada jogador é um empresário circense batalhando para contruir o melhor espetáculo da Terra. A cada rodada novos artistas ficam disponíveis, e públicos com diferentes interesses vão surgindo. Um leilão define a ordem em que esses artistas serão contratados ou qual plateia virá para o circo, e o jogador que conseguir fazer a melhor combinação entre as atrações e o interesse do respeitável público será o vencedor.

Os títulos da linha Premium Games têm componentes mais simples que os outros jogos modernos, sendo portanto mais baratos do que a média. Se por um lado isso desagrada a fãs mais ardorosos, por outro multiplica o alcance do hobby – pelo valor que uma família de quatro pessoas gastaria para ir a um circo uma única vez, pode-se visitar esse circo lúdico quantas vezes se queira. Claro que são experiências distintas, mas a analogia ajuda a por em perspectiva a relação entre custo e benefício ao longo do tempo.

Várias vezes já conversamos aqui que dinheiro não traz felicidade por si só, mas pode ajudar na qualidade de vida quando investido naquilo que realmente nos faz felizes. Pois os jogos de mesa nos permitem passar tempo com família e amigos, nos divertindo, conectados no mundo real e desconectados das telas. Ou seja, uma felicidade genuína que o dinheiro pode comprar.

Daniel Martins de Barros  é psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (IPq-HC), onde atua como coordenador médico do Núcleo de Psiquiatria Forense e Psicologia Jurídica (Nufor). Doutor em Ciências e bacharel em Filosofia, ambos pela Universidade de São Paulo (USP).

Fonte: O Estado de São Paulo

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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