Dilma diz que não enganou ninguém na campanha de 2014
A presidente Dilma Rousseff negou nesta terça-feira que tenha enganado os eleitores durante a campanha presidencial de 2014 porque não era possível prever alguns eventos que vieram a prejudicar a economia do país depois disso.
“Eu acho que eu não enganei não”, disse Dilma em entrevista a correspondentes estrangeiros no Palácio do Planalto.
“Acho que exigem de mim que eu tenha o descortínio de saber que o preço do petróleo ia cair durante todo o ano de 2014… que o preço do minério do ferro ia despencar em 2014… se eu sabia que o Brasil ia sofrer a maior seca no Sudeste em 2014.”
Dilma argumentou que petróleo e minério de ferro são importantes fontes de tributos para a arrecadação de receitas do governo e que a seca levou ao uso das termelétricas, tornando a geração de energia mais cara, o que teve impacto na inflação.
A presidente usou ainda um relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) para apoiar seu argumento, quando o FMI disse não ter projetado uma queda tão forte da economia brasileira porque não previra uma piora da crise política nem o aprofundamento da operação Lava Jato e seu impacto sobre importantes empresas.
Dilma também procurou justificar não saber da corrupção em seu governo, quando perguntada como isso era possível com tantos membros do governo acusados.
“Foi preciso a delação premiada, foi preciso a independência, o reconhecimento da independência dos procuradores, do Ministério Público, uma atitude em relação à Policia Federal, foi preciso um conjunto de leis para que isso fosse descoberto.
Agora, por que é que você não sabe? Por que é próprio da corrupção ser feita às escuras e ser escondida. Ela tem de ser investigada.”
Olimpíada
Dilma também prometeu que o Brasil está preparado para realizar os Jogos Olímpicos do Rio em agosto, apesar da crise.
“Os Jogos estão em situação que eu acredito absolutamente adequadas. Talvez nós tenhamos nos antecipado mais do que esperavam que nós nos antecipássemos”, disse. “Tenho certeza que serão os melhores Jogos Olímpicos do mundo.”
Perguntada se haveria uma questão de gênero no tratamento dado a ela durante seu governo, Dilma disse acreditar existir “um componente forte” nesse sentido.
Em sua explanação inicial, a presidente procurou rebater as acusações contidas no pedido de impeachment contra ela aprovado pela Câmara dos Deputados, e disse que crise econômica não justifica afastamento de presidente da República.
Fonte: Exame