Diferenças entre política e entretenimento no uso das redes sociais


1. Este Ex-Blog foi honrado, neste início de 2014, com a visita de assessores de dois governadores candidatos à reeleição que queriam conversar sobre o uso da internet e das redes sociais em campanhas eleitorais e política. Preliminarmente foi sublinhado que os usos das redes não são homogêneos. Para facilitar, foram agrupados em um só conjunto todos os usos, excluindo a política. A esse conjunto –por facilidade- se chamou de “entretenimento”.

2. O uso das redes em “entretenimento” tem características muito diferentes da política. Promove e relaciona pessoas, multiplica personalidades (famosos), faz humor com piadas, charges e vídeos, informa sobre experiências pessoais, divulga fatos traumáticos, lança músicas e cantores, divulga agendas…, e por aí vai. O potencial multiplicador das redes sociais em “entretenimento” é enorme, o que não quer dizer que todas as postagens tenham sucesso semelhante. E inclui a multiplicação pessoal dos personagens de todos os tipos.

3. Na política e campanhas eleitorais é muito diferente. Os políticos que imaginam que ganharão muitos votos pessoais pelo uso das redes sociais, se equivocam. As redes sociais partem de uma visão consensual sobre os desvios dos políticos, desvios de todos os tipos e não só a corrupção. Nesse sentido, o político que se personaliza imaginando que estará semeando votos, se equivoca. Claro, se trata da ilusão de conquistar muitos votos que possam ajudar sua eleição.

4. As redes sociais na política são basicamente multiplicadores de ideias e, mais facilmente, as negativas e as denúncias. E naturalmente –também- multiplicadores de ideias positivas. Assim, um político defende uma ideia e tem uma marca em função dela, ideia de todos os tipos, sejam valores, sejam ideológicas, sejam temáticas… Assim, sem personalizar, usa as redes para difundir suas ideias de forma repetitiva, mas diversificada, observando a multiplicidade dos canais. Essa ideia é multiplicada nas redes. Então, a defesa que o politico faz dessas ideias tende a provocar sinergia junto ao eleitor, identificando espontaneamente a ideia com o político, neste sentido.

5. O problema é que quase todos os políticos estão acostumados com a tradição de seus gabinetes de malas-diretas. Reproduzem em malas diretas eletrônicas ou newsletter pessoais, com seus nomes e fotos, bem diagramadas. Bem, tem o mesmo efeito das malas diretas, falando a seu próprio eleitor e são de baixíssimo multiplicador. Só que, claro, muitíssimo mais baratas, pois o envio é grátis sem custo de correios.

6. Este Ex-Blog tem acompanhado a contratação de agências ou criação de equipes para fazer as campanhas eleitorais dos candidatos. É jogar dinheiro fora, especialmente em campanhas majoritárias. Primeiro que as redes sociais respondem pela frequência e permanência. Um “turista eletrônico” que surge de repente numa campanha eleitoral não consegue sequer atrair atenção. As redes são tribos e não audiências.

7. Quem quer entrar agora, vai perder tempo. De qualquer forma, os candidatos podem ir atrás de seus simpatizantes que já estão nas redes sociais e trabalhar com eles ideias-chave de suas campanhas e –tendo concordância- pedir que multipliquem sem pasteurizar as mensagens, cada um deles com a sua criatividade. Uma vez afirmada essa linha, quando essas mesmas ideias vão a TV, se produz um multiplicador estimado em 4 vezes mais que um comercial de TV. É o que chamam nos EUA de marketing de grande semeadura.

8. São caminhos a explorar para não se gastar dinheiro inutilmente com agências especializadas em fazer lindos power point e encantar os candidatos que as vão contratar.
Fonte: Ex-Blog de Cesar Maia

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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