Delator reafirma ação de Renan e Jucá em negociação de propina ao PMDB

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa reafirmou em depoimentos ao juiz Sérgio Moro que manteve reuniões nas casas dos senadores peemedebistas Renan Calheiros (AL) e Romero Jucá (RR), em Brasília, para discutir o pagamento de propinas ao PMDB. O interlocutor na discussão do suborno, segundo o delator, era o deputado Aníbal Ferreira Gomes (PMDB-CE).

Respondendo perguntas de um dos advogados da construtora OAS, Costa mencionou nesta segunda-feira (13) o atual presidente do Senado e Jucá como padrinhos de sua permanência na diretoria da Petrobras.

“Tivemos reuniões com Aníbal Gomes na casa do senador Renan Calheiros e na casa do senador Romero Jucá”, afirmou Costa, sem detalhar as datas em que teriam ocorrido tais encontros e o que exatamente foi discutido.

Paulo Roberto Costa foi nomeado para a diretoria de Abastecimento em 2004, patrocinado pelo então deputado José Janene e a bancada do PP. Em 2011, primeiro ano da Presidência de Dilma Rousseff, ele passou a receber sustentação política também do PMDB.

Em depoimentos anteriores, Costa já havia citado o deputado cearense como emissário de Renan Calheiros nas negociações de suborno de empresas com contratos na Petrobras.

Renan rebateu as acusações por meio de uma nota: “O Senador Renan Calheiros reitera que suas relações com todas as empresas públicas e seus diretores nunca ultrapassaram os limites institucionais. Da mesma forma reafirma que jamais autorizou o deputado Aníbal Gomes ou qualquer outra pessoa a falar em seu nome”, afirma o texto.

Na nota, o presidente do Senado diz haver ainda uma clara contradição no depoimento de Paulo Roberto Costa, “já que nos depoimentos anteriores o delator sempre negou ter tratado de projetos e valores com o senador Renan Calheiros.”

YOUSSEF

O doleiro Alberto Youssef reafirmou a Moro que fez um único pagamento de propina destinado ao PT a pedido da empresa Toshiba para uma obra do Comperj, no valor total de R$ 800 mil.

“A primeira parte foi entregue no meu escritório pra cunhada do então tesoureiro João Vaccari [Marice Lima], em espécie. Depois houve outro pagamento que o meu funcionário Rafael Ângulo foi junto com o [executivo da Toshiba José Alberto] Piva e deixou o Piva com o valor na porta do diretório nacional do PT em São Paulo”, relatou.

Youssef também reafirmou pagamentos que fez a Marice a pedido da OAS, mas sem saber a finalidade. “Se eu não me engano, foram duas ou três vezes de R$ 110 mil”, disse na audiência.

A cunhada de Vaccari chegou a ser presa em uma etapa da Operação Lava Jato, mas já foi solta. Sua defesa nega envolvimento com o esquema de corrupção da estatal. Sobre o assunto, a Toshiba tem negado o pagamento de suborno e diz que todos seus contratos são resultantes de licitações legais. Vaccari e o PT também têm sustentado só receber doações legais e registradas.

Youssef disse ainda foi pagou um total de cerca de R$ 200 milhões em propina na Diretoria de Abastecimento da Petrobras entre 2006 e 2012, período em que atuou como operador do esquema na estatal.

“Olha, que eu operacionalizei, foi em torno de R$ 180, R$ 220, R$ 230 milhões. Acredito que não tenha passado disso”, detalhou o doleiro.

Ele calculou que, conforme as regras de partilha, o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa ficou com aproximadamente R$ 60 milhões desse montante.

Fonte: Folha de São Paulo

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

Menu de Topo