Criminalidade cresce nas cidades pequenas e preocupa polícia baiana
De janeiro a outubro de 2013, o número de CVLIs (crimes violentos letais e intencionais – homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte) em Salvador teve redução de 13,2%. No mesmo período, a queda nas outras cidades da Região Metropolitana chegou a 17,3%. No grupo das 20 maiores cidades do interior, também houve redução do índice de CVLIs.
Mas, nos municípios até 30 mil habitantes, foi registrado aumento dos crimes. “A interiorização do Pacto pela Vida é nossa prioridade para 2014. Os números mostram que há um avanço da droga e do crime nos municípios menores”, disse o secretário da Segurança, Maurício Barbosa.
Os números do interior foram apresentados, ontem, na reunião do Pacto pela Vida, programa do governo da Bahia que reúne, além das autoridades policiais, representantes do Judiciário, do Ministério Público, da Defensoria e de secretarias estaduais.
Para o secretário, as ações articuladas desenvolvidas na capital, na região metropolitana e nas cidades médias, onde há maior estrutura, estão dando resultado. “Tivemos resultados significativos não apenas em Salvador e Região Metropolitana, mas também registramos uma redução expressiva no número de homicídios em cidades como Feira de Santana, Itabuna e Teixeira de Freitas”, destacou Maurício Barbosa.
O próprio secretário, entretanto, mostrou-se preocupado com a situação dos pequenos municípios. “Em muitas dessas cidades, faltam delegados ou promotores ou juízes.
O próprio poder municipal tem deficiência de estrutura. Nós precisamos superar esses problemas com integração, a partir da experiência do Pacto pela Vida”, disse.
Municípios como Ibotirama, São Desidério – ambos no oeste do estado – Santa Cruz de Cabrália e Ibirapitanga, as duas no sul da Bahia, tiveram uma explosão no número de homicídios. “As grandes cidades já concentraram 80% dos crimes violento; hoje, esse índice não chega a 50%. Temos que acompanhar essa interiorização do crime com a interiorização do Pacto pela Vida”, argumentou Barbosa.
Para aproximar as prefeituras, a secretaria preparou o guia O Papel do Município na Segurança Pública, com orientações, recomendações e casos de sucesso da participação municipal. “É importante que as prefeituras criem os GGI-Ms (Gabinetes de Gestão Integrada Municipal) para reunir as áreas envolvidas com a segurança do estado e do município”, explicou.
A estratégia é começar a instalar esses GGI-Ms em cidades médias, como Feira de Santana e Valença, e replicar a experiência nas cidades menores. “A participação das prefeituras é fundamental para a interiorização do pacto”, afirmou Maurício Barbosa.
Bancos
Outro aspecto da criminalidade no interior discutida na reunião do Pacto pela Vida foi o ataque a instituições financeiras. Na capital, o número de assaltos a banco caiu 18,8% em 2013 – foram 26 de janeiro a outubro contra 32 no mesmo período do ano passado. No interior, foram registrados 113 ataques consumados a instituições financeiras contra 97 do ano anterior, um crescimento de 16,5%.
Ataques por assaltantes armados – como o caso de Mucugê, que teve um refém morto e dois feridos – não são maioria e registraram diminuição. Em todo o estado, foram 26 assaltos assim em 2013 (de janeiro a outubro) contra 32 em 2012. Estão em alta os arrombamentos – grande maioria usando explosivos: 109 em 2012 contra 88 no ano passado, aumento de 23,6%.
Nordeste de Amaralina tem um mês sem registro de homicídio
Depois de meses registrando índices superiores aos do ano passado, o Nordeste de Amaralina passou o mês de outubro inteiro sem registro de assassinatos na região que compõe a Área Integrada de Segurança Pública (Aisp) 6.
“Estamos com polícia mais presente e mais próxima da comunidade, que também está sentindo uma presença maior de outras áreas do estado no local”, explicou o coronel Anselmo Brandão, comandante da regional Atlântico da capital, que inclui o Nordeste, onde estão instaladas três bases comunitárias de segurança.
O secretário Maurício Barbosa destacou que o major Itamar, novo coordenador das bases da área, tem experiência em policiamento comunitário. “No Nordeste, tivemos uma redução dos crimes violentos, assim que as bases foram instaladas, com a prisão de chefes do tráfico. Houve com isso uma disputa e o aumento dos índices, mas estamos com uma nova dinâmica de policiamento e mais presença do estado como um todo”, afirmou Barbosa.
Medalhas
O secretário da Segurança lembrou ainda que as bases de segurança de Rio Sena, inauguradas há dois meses, e Itinga, que completou um ano, foram decisivas para a redução dos índices de homicídios nas Aisps de Periperi e Lauro de Freitas, respectivamente.
O coronel Nonato, comandante da regional Baía de Todos os Santos, destacou a integração entre polícia e comunidade promovida pelo Karatê do Saber, projeto desenvolvido por PMs que ensinam a arte marcial a 160 crianças e adolescentes (de 7 a 17 anos). “O projeto foi fundamental também para o trabalho de prevenção ao crime”, afirmou o coronel Nonato.
Na semana passada, dois alunos do projeto ganharam medalhas no Pan-Americano de Artes Marciais, disputado em Brasília: a jovem Riquele Tancredo Santos ganhou ouro na categoria Katá e prata na Kumitê e Jadson Ramos Barbosa ficou com medalha de prata na Katá.
Mesmo sem homicídios em outubro, a Aisp do Nordeste é uma das seis da capital que, no ano, registrou aumento de CVLIs, o que pode deixar os policiais da área sem a gratificação de desempenho. A Aisp, de janeiro a outubro, registrou 25 crimes violentos, 13,2% a mais que no mesmo período de 2012.
Outras Aisps que não alcançaram a meta de 6% de redução dos CVLIs são as da Barra, Pituba, Rio Vermelho, Barris e Periperi, onde o aumento é de apenas 1,9% em relação a 2012. A Aisp de Brotas registrou redução (3,2%) mas ainda não atingiu a meta. Em nove Aisps da capital, a redução do índice de crimes violentos foi alcançada: policiais da Boca do Rio, Pau da Lima, Cajazeiras, CIA e Bonfim já praticamente garantiram a gratificação de desempenho.
Na Região Metropolitana, todas as sete Aisps tiveram queda de janeiro a outubro, em comparação com o mesmo período de 2010. A maior redução foi registrada em Simões Filho, cidade que tem uma das maiores taxas de homicídios do país, com 32,1% – foram 109 CVLIs de janeiro a outubro de 2013 contra 162 no mesmo período do ano passado.
Fonte: Correio da Bahia